Estados Unidos confirmam que não participarão da COP30 em Belém
Brasil – O governo dos Estados Unidos confirmou que não enviará representantes para a COP30, conferência global do clima marcada para ocorrer em Belém do Pará, no Brasil. A informação foi repassada por uma fonte da Casa Branca à agência Reuters, consolidando a postura de Washington em se afastar de negociações multilaterais sobre o clima.
A cúpula, que se estenderá por duas semanas, reunirá líderes mundiais e especialistas para debater estratégias de combate às chamadas mudanças climáticas, com atenção especial para a proteção da Amazônia e o financiamento de políticas ambientais internacionais. Antes do encontro principal, o Brasil sediará uma reunião preparatória com chefes de Estado na próxima semana.
A ausência norte-americana ocorre em um momento sensível, no qual os EUA vêm endurecendo seu discurso contra acordos globais de redução de emissões. Em outubro, o governo ameaçou aplicar restrições de visto e sanções a países que apoiassem uma proposta da Organização Marítima Internacional (OMI) para reduzir emissões no transporte marítimo — pressão que levou à postergação, por um ano, da discussão sobre um preço global do carbono no setor.
Postura definida por Trump
Segundo a fonte consultada pela Reuters, o presidente Donald Trump reiterou sua posição sobre acordos climáticos ao discursar na Assembleia-Geral da ONU, em setembro. Na ocasião, Trump chamou a teoria das mudanças climáticas de “o maior golpe do mundo” e criticou políticas ambientais que, segundo ele, “custaram fortunas” aos países.
A Casa Branca reforça que o diálogo com outras nações sobre energia seguirá no âmbito bilateral, priorizando acordos que fortaleçam o setor energético norte-americano — especialmente as exportações de gás natural liquefeito, foco de negociações recentes com Coreia do Sul, União Europeia e, mais recentemente, China.
Estratégia global sob nova direção
Logo no início do mandato, Trump anunciou a retirada formal dos EUA do Acordo de Paris, que deve entrar em vigor em janeiro de 2026. Paralelamente, o Departamento de Estado revisa a participação do país em outros pactos ambientais multilaterais.
Além do clima, Washington tem atuado para limitar o avanço de regras internacionais contra a poluição plástica, argumentando que restrições à produção impactariam a indústria e a competitividade norte-americana.
“A maré está mudando”
A posição dos EUA também ganhou eco em análises de empresários e influenciadores internacionais. A Casa Branca citou um memorando recente publicado por Bill Gates em que o bilionário defende rever prioridades na agenda climática global e afirma que as mudanças climáticas “não levarão à extinção da humanidade”, reforçando movimentos que questionam metas rígidas de temperatura e ritmo de transição energética.
A decisão norte-americana já provoca repercussões entre diplomatas e analistas ambientais, que veem na ausência dos EUA um fator de pressão sobre outros países industrializados e um potencial esvaziamento das negociações climáticas em Belém. Ainda assim, o governo brasileiro mantém expectativas de que a cúpula avance em compromissos para a preservação da Amazônia e para o financiamento do desenvolvimento sustentável em países emergentes.



