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Em áudios vazados, secretária do PT Anne Moura admite uso de verba da Cultura em campanhas eleitorais

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Em áudios vazados, secretária do PT Anne Moura admite uso de verba da Cultura em campanhas eleitorais

Brasil – Uma gravação de áudio revelou que Anne Moura, secretária nacional de Mulheres do PT, afirmou que o Ministério da Cultura deu aval para o uso de recursos de um programa de R$ 58 milhões em campanhas eleitorais. O áudio, registrado por um ex-aliado, expõe a dirigente exigindo que o comitê de cultura do Amazonas priorizasse “artistas parceiros combinados na política”, levantando suspeitas sobre o uso político de verbas públicas destinadas à difusão cultural.

O programa, instituído pelo governo federal sob a gestão da ministra Margareth Menezes, destinou R$ 58,8 milhões para comitês culturais nos estados, geridos por Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Cerca de 26% do montante já foi repassado desde dezembro do ano passado. Entre os beneficiados, estão ONGs ligadas a assessores do Ministério da Cultura e a militantes petistas, o que intensifica as críticas sobre a lisura do processo.

Na gravação, Anne Moura cobra que Ruan Octávio, coordenador do comitê no Amazonas e ex-membro do Instituto Ajuri (Iaja), favoreça artistas alinhados politicamente. Ruan, nomeado em maio para o escritório do ministério no estado, atuou na campanha de Moura à Câmara Municipal de Manaus em 2024, mas ela não se elegeu. O Iaja, que coordena o comitê local, receberá R$ 1,7 milhão até o fim do programa.

O Ministério da Cultura defendeu a legalidade das seleções, afirmando que foram baseadas em critérios técnicos e que não cabe à pasta julgar filiações partidárias. A pasta destacou que Ruan se desvinculou do Iaja antes da parceria e que o processo seletivo foi conduzido de forma “cega”, sem identificação inicial dos proponentes. Ainda assim, a oposição questiona a transparência e promete acionar o Tribunal de Contas da União (TCU).

Casos semelhantes foram identificados em outros estados. No Distrito Federal, a Associação Artística Mapati, ligada a Yuri Soares Franco — ex-vice-presidente da entidade e atual assessor do ministério —, coordena o comitê local. No Paraná, a ONG Soylocoporti, de João Paulo Mehl, pré-candidato a vereador pelo PT em 2024, receberá R$ 2,6 milhões, enquanto no Rio Grande do Norte, a Associação Facetas, de Rodrigo Bico, militante petista, foi agraciada com R$ 1,7 milhão.

A revelação do áudio reacende o debate sobre o uso de recursos públicos para fins político-partidários. Parlamentares da oposição, como o deputado Luciano Zucco (PL-RS), classificaram o caso como “escandaloso” e pediram investigação do TCU. O governo, por sua vez, insiste que as parcerias seguem normas legais, mas a polêmica expõe fragilidades na gestão de verbas culturais e pode gerar desdobramentos políticos e jurídicos.

Nota à imprensa

A secretária Anne Moura emitiu uma nota para a imprensa, a fim de esclarecer as acusações.

Leia na íntegra:

Venho a público esclarecer declarações distorcidas, cujo único objetivo é macular minha imagem perante a opinião pública, desmerecendo minha trajetória voltada às causas sociais e à luta por dias melhores para a população brasileira, especialmente a do Amazonas, estado onde nasci e onde atuo intensamente em iniciativas direcionadas a grupos prioritários.

O IAJA é uma instituição que, há mais de 10 anos, executa inúmeros projetos sem jamais ter sido apontada qualquer conduta irregular ou inconsistência na prestação de contas. Esse histórico de ações contínuas e eficientes a credenciou para concorrer ao edital dos Comitês de Cultura.

Os Comitês de Cultura têm desempenhado um papel importante na qualificação, divulgação e apoio a projetos de trabalhadores do setor.

Desconheço a transcrição de gravação na qual supostamente converso com o ex-presidente do IAJA. Reuni-me com esse senhor, mas nunca com o intuito de interferir na condução administrativa do Comitê de Cultura.

  1. Muitas pessoas colaboraram para a construção da política pública que resultou na criação dos Comitês. No caso do Amazonas, artistas comprometidos com o acesso democrático da população às atividades e bens culturais. Esses atores, independentemente de preferência política ou partidária, deveriam, a nosso ver, ter protagonismo nas atividades do Comitê. Isso foi exposto, e não imposto, como ventilado pelo ex-dirigente.
  2. O ex-presidente tratou o projeto de forma personalista e inconsequente, tomando decisões sem consultar os demais membros do IAJA e do próprio Comitê de Cultura. Ele não se reportou ao Conselho Fiscal, sendo por isso questionado pelos associados e por mim, particularmente, sem que em nenhum momento eu tenha reivindicado qualquer tipo de benefício pessoal, muito menos ilegal.
  3. Esse tipo de comportamento foi apenas um dos motivos que levaram à destituição do ex-presidente do cargo, além do fato de não ter prestado contas ao Conselho Fiscal e de ter acumulado denúncias de assédio moral contra membros associados e colaboradores de projetos, com fatos registrados em boletins de ocorrência e em procedimento interno que resultou em sua exclusão.

Tenho mais de 20 anos dedicados à luta do povo e nunca estive ligada à prática de nenhuma ilicitude. Adotarei os caminhos legais para comprovar a lisura de meus atos e para cobrar a punição de pessoas que estão descompromissadas com a verdade e focadas apenas em projetos pessoais de poder.

Assessoria de Comunicação Anne Moura



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