Eduardo Bolsonaro vê “Jogo Armado” do PT, PGR e Moraes para apreender seu passaporte
Brasil – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não mediu palavras ao expressar sua indignação contra o que classifica como um “jogo armado” entre o Partido dos Trabalhadores (PT), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em suas mais recentes declarações, tanto em entrevistas quanto em publicações no X, o parlamentar afirma que há uma articulação orquestrada para apreender seu passaporte e limitar sua atuação política, especialmente no cenário internacional.
A polêmica ganhou força após o ministro Alexandre de Moraes encaminhar, no último sábado (1º de março), duas notícias-crime à PGR para análise. Os pedidos, apresentados pelo PT e pelos deputados petistas Lindbergh Farias (RJ) e Rogério Correia (MG), acusam Eduardo de crimes contra a soberania nacional devido a suas articulações com políticos norte-americanos. Essas ações, segundo os petistas, visariam constranger o STF e o próprio Moraes, além de “patrocinar retaliações” contra o Brasil.
Entre as medidas solicitadas está a retenção do passaporte do deputado, o que o impediria de continuar suas frequentes viagens aos Estados Unidos.
Em entrevista ao canal Programa 4 por 4 no YouTube, no domingo (2), Eduardo Bolsonaro foi enfático: “Os deputados do PT fazem a narrativa, o Alexandre de Moraes puxa para ele dizendo que trata-se de mais um caso do 8 de Janeiro, manda para a Procuradoria-Geral da República, depois manda um recado ou fala diretamente com o Paulo Gonet [procurador-geral] e diz ‘olha, aceita aí para não ficar tão feio parecendo que sou só eu perseguindo o Eduardo’”. Para o deputado, a “maior probabilidade” é que seu passaporte seja apreendido, uma medida que ele acredita facilitar o monitoramento e até uma eventual ordem de prisão contra ele.
No X, Eduardo tem usado sua conta para mobilizar apoiadores e reforçar sua narrativa. Em uma publicação recente, datada de 2 de março, ele escreveu: “Moraes se mostra chateado com visitas de Eduardo aos EUA onde ele fala sobre autoritarismo do tribunal 🇧🇷”.
Em outra postagem, desafiou diretamente o ministro: “Vou continuar denunciando. Tem que cortar a minha língua, Alexandre de Moraes, pra fazer eu parar”. Essas declarações ecoam o tom de confronto que o deputado adotou diante das acusações, insistindo que sua atuação no exterior se limita a “denunciar os fatos que acontecem no Brasil”, como as prisões de figuras ligadas ao bolsonarismo e os eventos de 8 de janeiro.
A reação do deputado ganhou apoio de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também se manifestou no X. No domingo (2), Jair compartilhou um vídeo de Eduardo e escreveu: “Perseguição implacável”. Ele sugeriu que a possível apreensão do passaporte do filho tem como objetivo “criar constrangimento” e impedir que Eduardo assuma a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, um cargo estratégico que o PL, maior partido da Casa, planeja indicar o parlamentar para ocupar.
O Contexto das Acusações
As notícias-crime enviadas ao STF pelo PT apontam que Eduardo Bolsonaro estaria articulando com parlamentares norte-americanos, como a congressista Maria Elvira Salazar, para pressionar o Judiciário brasileiro. Essas ações teriam como pano de fundo críticas às decisões de Moraes, especialmente aquelas relacionadas ao bloqueio de plataformas como X e Rumble no Brasil.
Nos EUA, um projeto de lei apelidado de “No Censors on our Shores Act” (Sem Censores em Nosso Território), aprovado preliminarmente pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes em 26 de fevereiro, poderia barrar a entrada de autoridades estrangeiras acusadas de violar a liberdade de expressão — uma medida vista como um recado indireto ao ministro do STF.
O PT argumenta que as viagens de Eduardo aos EUA configuram uma tentativa de “constranger não só um integrante de um dos Poderes da República, mas o próprio Poder Judiciário nacional”, especialmente em um momento em que o STF pode julgar ações penais relacionadas a Jair Bolsonaro e aliados, denunciados pela PGR por suposta tentativa de golpe de Estado.
Repercussão e Perspectivas
A PGR, sob o comando de Paulo Gonet, tem até cinco dias a partir de 1º de março para se manifestar sobre os pedidos do PT. Caso o parecer seja favorável, Moraes poderá determinar a apreensão do passaporte de Eduardo, intensificando o embate entre o bolsonarismo e o Judiciário. O deputado, por sua vez, já sinaliza que não pretende recuar.
“Querem atropelar a imunidade parlamentar, querem acabar com a liberdade de expressão”, declarou ele em vídeo no X, reforçando sua posição de vítima de uma suposta perseguição política.
Enquanto isso, a escalada do conflito reflete a polarização que continua a marcar a política brasileira. De um lado, o PT e seus aliados veem nas ações de Eduardo uma ameaça à soberania nacional; de outro, o bolsonarismo denuncia o que chama de “ditadura judicial” liderada por Moraes. O desfecho dessa disputa, que agora depende da PGR, promete manter o deputado — e sua família — no centro das atenções nos próximos dias.