Eduardo Bolsonaro envia ofício a Motta e pede para exercer mandato a partir dos EUA
Brasil – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) protocolou, nesta quinta-feira (28), um ofício à Presidência da Câmara dos Deputados solicitando autorização para exercer seu mandato a partir dos Estados Unidos, onde está desde março. Segundo ele, sua permanência no exterior se deve a uma suposta “perseguição política” e à “chantagem” de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), sem citar nomes.
Eduardo afirma que o Brasil vive um “regime de exceção” e que não retornou ao país por motivos de segurança. Ele pediu ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que viabilize mecanismos técnicos e jurídicos para garantir sua participação remota nas atividades legislativas.
Ofício que enviei hoje ao Presidente da Câmara Hugo Motta falando sobre minha situação de perseguição política, que me impede de retornar ao Brasil e bem exercer minha função de parlamentar. pic.twitter.com/c3AlOZKl3M
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 29, 2025
Comparação com a pandemia
No documento, publicado em suas redes sociais, o deputado lembrou que, durante a pandemia da Covid-19, a Câmara autorizou o trabalho remoto dos parlamentares. Para ele, o atual cenário político seria ainda mais grave.
“Não se pode admitir que o que foi assegurado em tempos de crise sanitária deixe de sê-lo em um momento de crise institucional ainda mais profunda”, escreveu.
Eduardo sustenta que não renunciou ao mandato e que continua atuando no campo da “diplomacia parlamentar” junto a autoridades internacionais.
Ausência prolongada e indiciamento
O parlamentar deixou o Brasil no fim de fevereiro e, em março, pediu licença de 120 dias, que expirou em 20 de julho. Desde então, passou a acumular faltas não justificadas. Ele diz ter viajado levando “apenas uma pequena mala”, em caráter privado, mas decidiu permanecer nos EUA após notícias de que sua atuação internacional estaria sendo monitorada.
A permanência no exterior coincide com sua inclusão, ao lado do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre os indiciados pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. A investigação aponta que Eduardo teria atuado nos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras e buscar apoio internacional contra decisões do Judiciário.
Alvos nos EUA
Entre seus objetivos no país norte-americano, Eduardo Bolsonaro destaca o apoio junto ao governo de Donald Trump para uma possível anistia a investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, além de pressionar por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o caso.
Ao concluir o ofício, o deputado reforçou que sua ausência do Brasil não é uma escolha pessoal, mas fruto de “coerção externa”:
“A Câmara dos Deputados não pode se tornar cúmplice de um regime ditatorial já sancionado internacionalmente por graves violações de direitos humanos.”
Casa da família Bolsonaro é invadida em Resende
Enquanto Eduardo Bolsonaro tenta viabilizar seu mandato a distância, a sua família foi alvo de criminosos em Resende, no sul do Rio de Janeiro, no último domingo (24).
Segundo a Polícia Militar, suspeitos invadiram a residência onde vivem os avós e a mãe dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Rogéria Nantes. Durante a ação, os familiares foram feitos reféns.
Em suas redes sociais, Flávio relatou que os criminosos mantiveram a família sob ameaça por mais de uma hora.
“Graças a Deus estão todos bem, mas foi mais de uma hora de terror, com arma na cabeça e boca tampada com fita adesiva”, escreveu o senador.
De acordo com Flávio, os suspeitos perguntaram onde estaria o “dinheiro que o Bolsonaro mandava” para os avós. Como não encontraram valores em espécie, levaram anéis e o carro do avô, que foi posteriormente localizado pela polícia.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pelo 89º Distrito Policial (Resende), que já realizou perícia no local e busca imagens de câmeras de segurança para identificar os envolvidos.