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Direita assume o poder na Bolívia após quase 20 anos de hegemonia da esquerda

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Direita assume o poder na Bolívia após quase 20 anos de hegemonia da esquerda

Mundo – A Bolívia encerrou, neste domingo (19), um ciclo histórico de quase duas décadas de domínio da esquerda com a vitória do senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), nas eleições presidenciais. O resultado representa o colapso definitivo do Movimento ao Socialismo (MAS), legenda fundada por Evo Morales, que governou o país por cerca de 20 anos e, desta vez, sequer conseguiu levar seu candidato ao segundo turno.

A ascensão de Paz, de 55 anos, simboliza uma nova era política em um país que atravessa a pior crise econômica das últimas décadas. O novo presidente obteve cerca de 30% dos votos no primeiro turno, desempenho surpreendente para quem começou 2025 com apenas 3% das intenções de voto. Após a vitória, ele afirmou:

“Precisamos fazer uma transformação para que a economia seja nossa, e não do Estado.”

O fim do “milagre econômico” de Evo

O resultado eleitoral reflete o desgaste do MAS, abalado por divisões internas, escândalos de corrupção e fracasso na gestão econômica. O “milagre econômico” que marcou os primeiros anos de Evo Morales se desfez à medida que o país perdeu protagonismo na exportação de gás natural — principal fonte de receita da Bolívia durante seu governo.

As exportações do setor despencaram de US$ 6 bilhões em 2014 para US$ 2 bilhões em 2022, levando as reservas internacionais de mais de US$ 10 bilhões para apenas US$ 50 milhões em 2025. O país enfrenta inflação mensal de 24% e um déficit público recorde de 95% do PIB, segundo dados citados por analistas.

Nas ruas, o cenário é de colapso: filas por pão, gasolina e dólares se tornaram parte da rotina boliviana, alimentando a rejeição popular ao MAS.

Queda de um líder histórico

Evo Morales, que fez história como o primeiro presidente indígena da Bolívia, viu sua influência política ruir nos últimos anos. Além da crise dentro do partido, ele é alvo de uma ordem de prisão por estupro de uma adolescente de 15 anos, em 2016, e responde a investigações por corrupção, desvio de recursos e contratos fraudulentos envolvendo antigos aliados.

Mesmo afastado formalmente do poder, Evo tentou manter o controle do MAS — mas a legenda se fragmentou em facções rivais, sem força para resistir ao avanço da oposição.

Uma transição incerta

Rodrigo Paz assume um país em ruínas, com uma população exausta de promessas e marcada por desigualdade, inflação e desemprego. O novo governo promete reduzir o papel do Estado na economia, atrair investimentos privados e reconstruir a credibilidade internacional da Bolívia.

Especialistas apontam, no entanto, que o desafio será enorme: além da crise fiscal e energética, Paz precisará lidar com tensões sociais e ainda forte influência de movimentos ligados à esquerda nas regiões rurais e indígenas.

Com a vitória de Paz, a Bolívia se junta a uma tendência regional recente de mudança política à direita, vista também em países como Argentina e Paraguai — um claro sinal de esgotamento dos modelos populistas que marcaram a América do Sul nas últimas décadas.



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