Deputadas se calam enquanto Wilker Barreto cobra sozinho para que Delegacia da Mulher fique aberta 24h; veja vídeo
Amazonas – Enquanto o mês de março, dedicado às mulheres, chega ao fim, a luta por direitos e segurança femininos ganha um destaque inesperado na Assembleia Legislativa do Amazonas. O deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) ergueu sozinho a bandeira pela ampliação do horário de funcionamento das Delegacias Especializadas em Crimes contra a Mulher, cobrando o Governo do Estado para que as unidades operem 24 horas por dia. Em um cenário marcado pelo aumento da violência de gênero, a ausência de posicionamento das cinco deputadas estaduais do Amazonas – Alessandra Campêlo (Podemos), Joana Darc (União Brasil), Mayra Dias (Avante), Débora Menezes (PL) e Mayara Pinheiro Reis (Republicanos) – chama atenção e levanta questionamentos sobre a representatividade feminina na política local.
Em suas redes sociais, Barreto fez um apelo direto: “Bote para funcionar 24 horas as delegacias das mulheres. Hoje, só a do Parque 10 está funcionando. As outras, em Cidade de Deus e tantos locais, estão fechadas. O feminicídio e a violência contra a mulher só aumentam. Se as delegacias estão fechadas, como essas mulheres vão buscar seus direitos?”. A argumentação do deputado reflete uma preocupação crescente com a falta de acesso ao atendimento especializado, essencial para vítimas de agressões que, muitas vezes, ocorrem fora do horário comercial.
Em outra manifestação, desta vez nas redes sociais, Barreto reforçou sua posição: “Chegamos ao final de março, mês das mulheres, mas a luta por seus direitos e segurança não pode se limitar a 31 dias. Todos os dias, as mulheres enfrentam desafios e precisam de apoio incondicional. Por isso, cobro do governo a ampliação do funcionamento da Delegacia da Mulher para 24h, pois há delegacias fechadas e a violência não tem horário para acontecer. Mulheres merecem um atendimento digno e contínuo, e é nossa responsabilidade garantir que isso seja uma realidade”.
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A pauta, que deveria ser prioritária para as parlamentares mulheres, parece não ter ecoado entre as deputadas estaduais. Alessandra Campêlo, Joana Darc, Mayra Dias, Débora Menezes e Mayara Pinheiro Reis, apesar de suas atuações em diferentes frentes, mantêm silêncio sobre a proposta de Barreto e sobre a escalada da violência contra a mulher no estado. Esse vazio de vozes femininas levanta críticas: por que um deputado homem é quem está à frente dessa cobrança, enquanto as representantes eleitas das mulheres amazonenses não se manifestam? Seria um caso de dois pesos e duas medidas na defesa dos direitos femininos?
O contraste é ainda mais evidente quando se considera o contexto do Amazonas, onde os índices de feminicídio e violência doméstica seguem alarmantes. Com apenas uma delegacia funcionando plenamente na capital – a do Parque 10 – e as demais unidades fechadas ou com horários restritos, as vítimas enfrentam barreiras para denunciar agressores e buscar proteção. “Definitivamente, as mulheres do Amazonas não têm voz”, questionou Barreto em tom crítico, apontando a falta de iniciativa coletiva na Assembleia para tratar do problema.