Defesa de Daniel Vorcaro recorre ao STJ pela liberdade de dono do Banco Master
Brasil – A defesa do empresário Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, ingressou nesta segunda-feira (24/11) com um pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar reverter a prisão preventiva decretada contra ele. O movimento ocorre após a Justiça Federal rejeitar, na semana passada, o habeas corpus apresentado pelos advogados, mantendo o banqueiro detido.
Vorcaro está preso desde a noite de segunda-feira (17/11), quando foi abordado pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP), momentos antes de embarcar para o exterior. Levado para audiência de custódia, teve sua prisão confirmada pela Justiça sob o argumento de que sua saída do país poderia configurar risco de fuga.
Desde então, a defesa tenta, sem sucesso, derrubar a decisão. Na quarta-feira (19/11), os advogados apresentaram um pedido de revogação da prisão, sustentando que o empresário não pretendia se furtar às autoridades e que sua viagem já estava previamente marcada. Um dia depois, porém, o pedido foi negado. Agora, a nova petição protocolada no STJ foi confirmada pela assessoria do próprio empresário e já consta no sistema do tribunal.
A prisão de Vorcaro ocorre no contexto da Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada para investigar a emissão de títulos de crédito falsos por instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional. O Banco Master é um dos alvos da investigação, que apura suposta fabricação de carteiras de crédito inexistentes, posteriormente vendidas a outras instituições financeiras.
Paralelamente à operação, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida assinada pelo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo. Também foi determinada a liquidação da Master S.A. Corretora de Câmbio. A decisão implica o afastamento imediato de administradores e controladores, que têm seus bens tornados indisponíveis até a conclusão das apurações. A EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada como liquidante para assumir o comando das operações.
A liquidação foi anunciada menos de 24 horas depois de o Grupo Fictor demonstrar interesse público na compra da instituição — possibilidade que, segundo analistas de mercado, tornou-se impossível após a intervenção do BC e o avanço das investigações.
O caso ganhou força ainda em setembro, quando o Banco Central vetou a aquisição do Master pelo Banco de Brasília (BRB). À época, a instituição era vista como exposta a um modelo de negócios considerado arriscado: captação com juros acima da média de mercado e compra de ativos de baixa liquidez, incluindo empresas em dificuldade financeira, precatórios e direitos creditórios.
Agora, com o pedido no STJ, a defesa tenta evitar que o banqueiro permaneça preso enquanto a PF apura indícios de gestão temerária, gestão fraudulenta e organização criminosa. A ofensiva das autoridades marca um ponto decisivo no processo de deterioração do Banco Master e coloca o sistema financeiro e político em alerta para os desdobramentos das próximas semanas.


