Crime: UFAM acoberta Paula Litaiff e reposta vídeo editado de dissertação atacando lideranças indígenas; veja
Manaus – Em um movimento que causou indignação entre lideranças indígenas e juristas da Amazônia, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), por meio do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), decidiu repostar um vídeo editado da dissertação da jornalista Paula Litaiff, mesmo após a remoção anterior do material por solicitação da comunidade indígena do Parque das Tribos, situada na zona Oeste de Manaus.
O vídeo original, com 11 minutos e 37 segundos, havia sido retirado do ar no dia 25 de junho de 2025, após petição formal dos advogados Daniele Delgado Baré e Isael Munduruku, que denunciaram distorções metodológicas, ausência de consentimento da comunidade e ofensas à cultura indígena. A medida, assinada pelo vice-coordenador do PPGSCA, professor Bruno de Oliveira Rodrigues, foi considerada uma ação cautelar, enquanto tramita a impugnação formal do título de mestre concedido a Litaiff.
No entanto, de forma surpreendente, o programa repostou o vídeo no canal oficial do YouTube do PPGSCA com edições que alteram profundamente o conteúdo original. Agora com 12 minutos e 50 segundos, o vídeo apresenta trechos borrados, cortes e distorções, especialmente no intervalo entre 4:57 e 6:13, em que Litaiff acusa diretamente o cacique Ismael Munduruku de propagar violência simbólica de gênero. No novo vídeo, a parte foi visivelmente editada, com borrões na imagem, áudio distorcido e mudança na identificação do entrevistado, que passa a ser chamado genericamente de “uma das lideranças masculinas” — um artifício que tenta apagar a acusação direta feita anteriormente ao cacique.
Vídeo original:
Vídeo reeditado e repostado em (https://www.youtube.com/watch?v=lqiBqbAhKuM):
Trecho original que foi alterado:
Ação Acadêmica ou fraude institucional?
Para o advogado Isael Munduruku, representante da comunidade indígena, a edição do vídeo não é apenas uma alteração técnica, mas uma tentativa deliberada de reescrever os erros. “A UFAM está tentando encobrir as falhas graves da dissertação com maquiagem digital. Isso não é correção, é fraude acadêmica”, defendeu o advogado, que cobra a nulidade do título concedido a Litaiff e uma retratação formal da universidade.
“Eles estão dizendo, nas entrelinhas, que nossas denúncias não têm valor. Estão protegendo uma narrativa construída sem escutar quem vive na comunidade”, disse o cacique Ismael Munduruku, vítima das calúnias e difamações provocados pelo trabalho de Litaiff.
Silêncio institucional
Diante da repercussão, o Portal CM7 Brasil enviou questionamentos formais à Assessoria de Comunicação da UFAM, solicitando explicações sobre os critérios que embasaram a decisão de repostagem. Entre os questionamentos, destacam-se:
- A dissertação foi oficialmente aprovada pelo PPGSCA? Em que data?
- O título de mestre já foi homologado e publicado oficialmente pela UFAM?
- O vídeo da defesa foi disponibilizado no site institucional antes da primeira remoção?
- Quem foram os membros da banca examinadora que aprovaram o trabalho? A universidade confirma a regularidade da composição da banca?
- Diante das críticas feitas por lideranças indígenas e por advogados que representam a comunidade citada, a UFAM reconhece que houve falhas na condução metodológica, ausência de consentimento da comunidade e possível desrespeito à Convenção 169 da OIT?
- Com relação ao vídeo repostado, que contém alterações evidentes no conteúdo original da defesa (inclusive com corte e distorção de falas e imagens borradas):
- A UFAM autorizou essas edições?
- Essas alterações não representam uma tentativa de encobrir erros da autora, o que pode caracterizar fraude acadêmica?
- Quem autorizou a nova publicação, mesmo após remoção anterior motivada por denúncia formal?
- Por que a UFAM autorizou a repostagem do vídeo mesmo após a remoção motivada por uma denúncia coletiva da comunidade indígena diretamente afetada?
- Quem autorizou as edições visíveis no vídeo repostado? O conteúdo modificado não representa um risco à integridade científica e à verdade dos fatos?
Até o fechamento desta matéria, não houve resposta da universidade.
Dissertação ou distorção?
A dissertação de Paula Litaiff, intitulada ““A luta pela conquista do poder feminino no Parque das Tribos: o corpo da mulher indígena como território de resistência””, tem sido amplamente contestada por lideranças e membros da própria comunidade. A principal fonte usada por Litaiff, Maira Mura, já desmentiu sua fala, afirmando que nunca disse que o cacique Ismael Munduruku se autodeclarou líder, como consta no trabalho. A acusação central de que a liderança pratica misoginia foi considerada ofensiva e desprovida de base.
Além disso, os advogados da comunidade acusam Litaiff de violação da Convenção 169 da OIT, que exige consulta livre, prévia e informada para pesquisas com comunidades tradicionais. A jornalista é acusada de fazer oitivas seletivas, ignorando vozes femininas como a de Elisa Sateré e distorcendo a pluralidade de organização política indígena.
A repostagem do vídeo, agora editado, compromete ainda mais a imagem da UFAM e levanta um questionamento ético: por que a instituição optou por sustentar a versão da autora, mesmo diante de provas de distorção e manipulação?
A resposta pode estar em conflitos de interesse internos ou em um ato de corporativismo acadêmico que contraria os próprios princípios de ética e rigor metodológico da pós-graduação brasileira. Para a comunidade do Parque das Tribos, a mensagem é clara: “A academia prefere proteger uma mentira do que ouvir a verdade dos povos indígenas”.
Próximos passos
O caso continua em análise no colegiado do PPGSCA, que se reunirá em julho para decidir sobre a impugnação do título de mestre concedido a Paula Litaiff. A depender da decisão, o título poderá ser anulado, e medidas jurídicas adicionais poderão ser adotadas pela comunidade.
Enquanto isso, o vídeo modificado segue no ar, como um símbolo do que muitos consideram um pano acadêmico sobre uma das maiores crises éticas da UFAM nos últimos anos.
Possíveis crimes praticados
1. Falsidade Ideológica (Art. 299 do Código Penal)
Se for comprovado que a dissertação e o vídeo editado apresentam informações falsas ou distorcidas com o objetivo de alterar a verdade dos fatos, principalmente com alterações que ocultem o nome real de pessoas envolvidas, isso pode configurar falsidade ideológica. Isso é agravado quando praticado em ambiente acadêmico, pois os documentos e vídeos servem como provas de formação e obtenção de título.
2. Crime de Discriminação ou Preconceito contra Povos Indígenas (Lei nº 14.532/2023, que altera a Lei do Racismo)
A publicação de um conteúdo que ataca, distorce ou ofende a cultura e a estrutura social de uma comunidade indígena, sem consulta prévia e com supostos objetivos acadêmicos, pode ser interpretada como discriminação étnico-cultural, especialmente quando há generalizações ofensivas ou acusações sem base real.
3. Violação da Convenção 169 da OIT
A ausência de consentimento livre, prévio e informado da comunidade indígena mencionada na dissertação fere tratados internacionais incorporados à legislação brasileira. Essa violação pode gerar responsabilização administrativa, cível e até penal, caso se comprove que o trabalho causou danos à imagem e aos direitos coletivos do povo mencionado.
4. Fraude Acadêmica e Crime contra a Fé Pública
A modificação posterior do vídeo — com edições, borrões e distorções do conteúdo original — pode ser entendida como tentativa de fraude para ocultar o erro ou induzir terceiros a erro quanto à integridade do trabalho apresentado. Isso é ainda mais grave se o conteúdo editado for usado para manter a validade de um título de mestre obtido a partir de um material impugnado.
Nesse cenário, além da anulação do título, pode haver responsabilização da autora e, eventualmente, de membros do programa que contribuíram com a repostagem sem transparência.
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