Clima tenso no STF: ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux trocam farpas durante intervalo de sessão; veja vídeo
Brasil — O intervalo da sessão de julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (16) foi palco de um novo embate entre os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes. O episódio, ocorrido na sala de lanches ao lado do plenário, revelou mais uma vez o desgaste na relação entre os dois magistrados — mas também deixou clara a disposição de Fux em não aceitar provocações e em defender a autonomia de seu voto e de sua conduta dentro da Corte.
De acordo com relatos de presentes, Gilmar teria se exaltado e chamado o colega de “figura lamentável”, além de insinuar que Fux “precisaria de terapia para superar traumas”. Fux, por sua vez, manteve a postura institucional e respondeu de maneira firme, afirmando que o decano estava ultrapassando os limites previstos pela própria Lei Orgânica da Magistratura (Loman), ao criticar publicamente o voto de um ministro que não pertence à sua turma.
A discussão começou quando Gilmar voltou a questionar o voto de Fux no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado, no qual o ministro divergiu da maioria e votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Fux teria reafirmado que sua posição foi técnica e baseada na análise dos autos, e não em pressões políticas ou narrativas ideológicas — argumento que, segundo fontes próximas, ele tem repetido desde o início do processo.
“Cada ministro tem o direito e o dever de votar de acordo com sua consciência e com as provas do processo. O que não se pode admitir é transformar divergências jurídicas em ataques pessoais”, teria dito um aliado próximo de Fux após o episódio.
O desentendimento levou outros ministros a deixarem a sala ao perceberem o aumento da tensão. Ainda assim, interlocutores de Fux afirmam que ele não pretende levar o caso adiante, justamente para preservar o decoro institucional e evitar que disputas de bastidores prejudiquem a imagem do tribunal.
A animosidade entre Gilmar e Fux não é recente. Nos últimos meses, Gilmar já havia criticado votos do colega, classificando um deles como “prenhe de incoerências”. Fux, por outro lado, tem evitado rebater publicamente, preferindo reforçar sua atuação técnica e equilibrada — tanto em julgamentos polêmicos quanto na defesa de pautas como a segurança jurídica e o respeito à colegialidade.
Analistas veem no episódio um contraste de estilos: enquanto Gilmar costuma adotar tom provocador e combativo, Fux tem buscado preservar o equilíbrio e a imagem do Supremo, especialmente em um momento em que a Corte tenta reconquistar a confiança da opinião pública.
Embora ambos tenham preferido não comentar oficialmente o desentendimento, a percepção entre magistrados e servidores é que Fux saiu fortalecido da situação — por manter o controle diante da provocação e reafirmar, em meio à turbulência, o princípio da independência entre os ministros do STF.
