Câmara abre investigação que pode levar ao impeachment de prefeito de Macapá que agrediu jornalista
Brasil – A Câmara Municipal de Macapá instaurou nesta terça-feira (19), uma investigação que pode resultar no impeachment do prefeito Antônio Paulo de Oliveira Furlan (MDB), conhecido como Dr. Furlan. Por 12 votos a favor e 10 contrários, os vereadores decidiram acatar a denúncia apresentada pelo cinegrafista Iranés Froes da Silva, agredido pelo político no último domingo (17).
O episódio ocorreu após o jornalista Heverson Castro questionar o prefeito sobre o atraso nas obras do Hospital Municipal. Segundo Iranés, além de ter sido agredido, ele também foi algemado pela Guarda Municipal e colocado em um camburão, junto com o colega. A denúncia aponta ainda que Furlan, faixa preta em judô, teria incitado a população ao linchamento dos profissionais.
Veja o vídeo:
O prefeito é acusado de crime de responsabilidade por quebra de decoro, abuso de autoridade e ataque direto à liberdade de imprensa. Até o momento, Dr. Furlan não se pronunciou sobre a decisão da Câmara. Em declarações anteriores, no entanto, disse ter reagido para defender servidoras públicas que estariam sendo agredidas — versão que foi desmentida pelas imagens registradas no local.
Comissão terá 45 dias para ouvir testemunhas
Com a instauração do processo, Furlan será notificado e terá direito à ampla defesa. Uma comissão formada por três vereadores, escolhidos por sorteio, terá 45 dias para ouvir o prefeito, agentes da Guarda Municipal, servidoras envolvidas e outras testemunhas.
Ao final, o grupo apresentará um parecer ao plenário, que decidirá se arquiva ou dá continuidade ao processo, podendo chegar à cassação do mandato. “A comissão poderá convocar todos os envolvidos, inclusive o prefeito. Depois, caberá ao plenário decidir os próximos passos”, explicou o presidente da Câmara, vereador Pedro DaLua (União).
Relembre o caso
A agressão foi registrada em vídeo e repercutiu nacionalmente. Nas imagens, não há indício de que servidoras tenham sido atacadas, como alegou o prefeito. No dia seguinte ao episódio, Furlan pediu desculpas, afirmando: “Me excedi quando presenciei servidoras, nas suas funções, sendo agredidas durante seu trabalho”. A nota oficial da prefeitura, que inicialmente dizia que o prefeito havia revidado uma agressão, também foi desmentida pelas gravações.
A denúncia de Iranés reforça que “os vídeos dos fatos são esclarecedores: em momento nenhum se verifica qualquer agressão a mulheres e, além do mais, o prefeito municipal de Macapá, por seus seguranças, imobiliza os profissionais com extrema violência”.
Agora, o futuro político de Dr. Furlan dependerá do andamento da investigação dentro da Câmara Municipal.