Brasil deve cobrar na COP 30 o preço justo pela preservação da Amazônia; veja vídeo
Amazonas – Pela primeira vez na história, a Amazônia será o centro do debate climático mundial. Belém, capital do Pará, se prepara para sediar a COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Mais do que um evento, a ocasião representa uma oportunidade histórica para o Brasil — e, especialmente, para o povo amazônico — cobrar do mundo o reconhecimento e a compensação pelo enorme custo econômico da preservação da floresta.
Segundo estudo do Banco Mundial (2023), a Amazônia representa uma renúncia econômica de US$ 317 bilhões por ano. Esse é o valor que os brasileiros da região deixam de ganhar ao manter a floresta em pé, resistindo à exploração predatória de seus recursos naturais. E, apesar desse sacrifício, o retorno global da preservação beneficia o planeta inteiro — das chuvas que alimentam o agronegócio no Centro-Oeste aos efeitos climáticos que equilibram ecossistemas no hemisfério norte.
A desigualdade que nasce da floresta
A Amazônia Brasileira ocupa quase 4 milhões de km², o equivalente à soma de 27 países europeus, mas abriga apenas 18,7 milhões de habitantes — contra 489 milhões nas nações do Velho Continente. A diferença mais gritante, porém, é econômica: o PIB amazônico é de US$ 135 bilhões, enquanto o dos países europeus comparáveis ultrapassa US$ 19 trilhões.
Essa discrepância evidencia o que o engenheiro e ex-vice-governador do Amazonas, Samuel Hanan, define como a “renúncia dos amazônidas em favor da humanidade”. Segundo ele, “a floresta em pé é uma demanda global que exige um custo global, e não apenas dos brasileiros que vivem nela”.
Metade da Amazônia é área de uso restrito
A Amazônia representa 45,5% do território nacional, mas responde por apenas 6,2% do PIB e 8,7% da população brasileira. Quase metade dessa área é de uso restrito:
25% são terras indígenas, onde vivem cerca de 310 mil pessoas;
10,54% são áreas de preservação permanente;
14,31% são áreas de uso sustentável.
Essas limitações, embora fundamentais para o equilíbrio ecológico global, tornam a vida na região ainda mais desafiadora. A renda média per capita na Amazônia é 29% inferior à do restante do país, e no interior — onde vivem cerca de 13 milhões de pessoas — essa diferença chega a 64%.