Bolsonaro oficializa Flávio como candidato à Presidência em 2026 e redesenha cenário político da direita
Brasil – Anunciado nesta sexta-feira (5/12) como o nome escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Presidência da República em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chega à linha de frente da sucessão com uma estratégia que começou a ser costurada há meses. A definição do seu nome, segundo aliados, levou em conta atributos citados como frieza, racionalidade e habilidade política — traços que, internamente, são vistos como diferenciais em relação aos irmãos e até ao próprio ex-presidente.
A movimentação que culminou na escolha de Flávio começou a ganhar forma em outubro, quando o senador viajou aos Estados Unidos para visitar o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A decisão, porém, só foi sacramentada em 25 de novembro, durante uma visita à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente cumpre pena por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.
Família acelerou anúncio após pressão da centro-direita
Embora o acordo estivesse fechado, não havia previsão para a divulgação oficial. No entanto, declarações recentes de lideranças da centro-direita em apoio a outros possíveis nomes para 2026 acenderam um alerta na família Bolsonaro, que temia perder protagonismo no debate sucessório.
Um dos episódios que mais mobilizou o clã foi a entrevista do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas, ao Poder360, publicada nesta mesma sexta-feira (5.dez). Nogueira afirmou que apenas dois nomes teriam força para unificar centro e direita contra Lula: o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o governador paranaense Ratinho Júnior (PSD).
A fala do cacique do PP reforçou a percepção de que a direita poderia migrar para outros polos caso Bolsonaro não se posicionasse rapidamente.
Ausência de processos pesou na escolha
Outro fator determinante foi a situação jurídica dos possíveis candidatos dentro do próprio bolsonarismo. Eduardo Bolsonaro, que já teve o nome cogitado no passado, enfrenta processos no STF que podem torná-lo inelegível. Além disso, a estratégia familiar avaliou que Flávio reúne mais experiência política e institucional do que Michelle Bolsonaro, outro nome que chegou a circular nos bastidores.
Flávio também carrega um trunfo: diferentemente dos irmãos, não responde mais a processos. Ele foi investigado por supostas “rachadinhas” no período em que foi deputado estadual no Rio, mas o caso foi arquivado em 2022.
Habilidade política e influência no Senado
A escolha também reflete o peso político de Flávio no Congresso. Ele consolidou liderança entre senadores e, nos dois primeiros anos do governo Lula, atuou como líder da minoria. Aliados descrevem o parlamentar como articulado, calculista e capaz de construir alianças mesmo em ambientes adversos.
O senador tem 44 anos e completará 45 em abril de 2026, mesma idade que terá durante a eleição. Nas redes sociais, ele reforçou a importância da missão recebida do pai:
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, publicou no X.
Caso a candidatura não avance por algum motivo, Flávio ainda tem o caminho aberto para disputar sua reeleição ao Senado.
Direita fragmentada e busca por unidade
Além de Flávio, o cenário de 2026 conta com outros nomes de peso: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Romeu Zema (Novo-MG). Todos já articulam movimentos discretos, mas estratégicos, no tabuleiro nacional.
Em meio à reorganização do campo conservador, o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, destacou nesta sexta a necessidade de unidade — ainda que não tenha citado Flávio diretamente.
“Em 2026, não será a polarização que construirá o futuro, mas a capacidade de unir forças em torno de um projeto sério, responsável e voltado para os reais interesses do povo brasileiro”, disse Rueda no X.
A declaração reforça a percepção de que a centro-direita tenta ampliar seu protagonismo, mesmo diante do peso político que o bolsonarismo mantém.


