Bolsonaro acompanha julgamento no STF e advogado diz: ‘fez questão de enfrentar a acusação absurda’; veja
Brasil – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcou presença no Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta terça-feira (25/3) para acompanhar o julgamento que pode transformá-lo no primeiro ex-presidente réu por tentativa de golpe de Estado no Brasil. Ele chegou à Corte por volta das 9h25, em um movimento que, segundo seu advogado Paulo Cunha Bueno, reflete sua determinação em enfrentar o que classifica como uma “acusação injusta e absurda”. A ida de Bolsonaro ao STF foi antecipada pelo blog de Andréia Sadi, da GloboNews, ainda nas primeiras horas do dia.
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“O [ex-]presidente Bolsonaro faz questão de enfrentar a acusação injusta e absurda que hoje se faz contra ele, comparecendo pessoalmente aos atos do processo, sempre manifestando sua indignação e repúdio às imputações mentirosas contra as quais tem sido obrigado a se defender”, declarou Bueno ao blog. A presença de Bolsonaro no tribunal, acompanhado de aliados, é vista como uma tentativa de politizar o julgamento, que ocorre na Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Cristiano Zanin (presidente), Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
O julgamento, iniciado às 9h30, decidirá se a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e sete aliados será aceita. Caso os ministros optem por acolher a acusação, o ex-presidente e os demais denunciados passarão à condição de réus, respondendo por cinco crimes graves: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se rejeitada, a denúncia será arquivada, encerrando esta etapa do processo.
As defesas dos acusados, incluindo a de Bolsonaro, tentaram barrar a participação dos ministros Zanin, Moraes e Dino no julgamento, alegando suposta parcialidade. Os pedidos, no entanto, foram negados pela Corte, representando um revés para as estratégias de pressão do grupo bolsonarista. A decisão reforça a continuidade do processo na Primeira Turma, que reservou três sessões – duas nesta terça (manhã e tarde) e uma na quarta-feira (26) pela manhã – para analisar o caso.
Além de Bolsonaro, outros sete nomes de peso do seu governo estão na mira da Justiça: Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), general Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Mauro Cid (ex-ajudante de ordens e delator), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil). A PGR os aponta como integrantes do “núcleo crucial” de uma organização criminosa que teria planejado subverter a ordem democrática após as eleições de 2022.
A denúncia da PGR acusa Bolsonaro e seus aliados de articularem um golpe de Estado que incluía desde a elaboração de minutas golpistas até planos de assassinato de figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Apesar de o plano não ter se concretizado, devido à falta de apoio de parte do alto comando militar, a investigação aponta que Bolsonaro liderou os esforços para impedir a posse de Lula em 2023.