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Banco Central defende liquidação do Master e revela novas suspeitas de fraude ao TCU

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Banco Central defende liquidação do Master e revela novas suspeitas de fraude ao TCU

Brasil – O Banco Central do Brasil (BC) apresentou nesta semana uma defesa detalhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a decisão de decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, instituição controlada pelo empresário Daniel Vorcaro. O documento, enviado em 29 de dezembro, responde a um despacho do ministro Jhonatan de Jesus que apontava possíveis indícios de “precipitação” na medida adotada em 18 de novembro de 2025.

No ofício assinado pelos diretores Ailton de Aquino Santos (Fiscalização) e Renato Gomes (Reorganização do Sistema Financeiro), o BC rejeita a tese de atuação apressada e enumera uma série de problemas graves identificados na gestão do Master, que comprometeram sua solvência e expuseram o sistema financeiro a riscos significativos.

Entre as principais irregularidades destacadas estão:

– Atrasos sistemáticos na entrega de documentos contábeis e regulamentares;
– Esgotamento de carteiras de crédito capazes de gerar fluxo de caixa sustentável;
– Incapacidade de recompor recolhimentos compulsórios mínimos;
– Operações estruturadas com clientes corporate que não geravam fluxos financeiros relevantes, ignorando princípios básicos de garantia, liquidez e diversificação de riscos;
– Cessão de carteiras de crédito ao Banco de Brasília (BRB) envolvendo ativos insubsistentes ou cuja existência não pôde ser comprovada.

O BC enfatiza que o gerenciamento inadequado de risco de crédito agravou a crise de liquidez do conglomerado. Além disso, foram detectadas insuficiência de capital decorrente de informações incorretas prestadas à autarquia, ausência de ativos líquidos em fundos de liquidez e descumprimento de normas de gerenciamento de riscos.

Nova frente de investigação

Um ponto que chama atenção no documento é a revelação de que, já após a liquidação, o BC identificou indícios de novas condutas fraudulentas. Em 25 de novembro de 2025, a autarquia comunicou ao Ministério Público Federal (MPF) suspeitas de gestão fraudulenta, operações simuladas sem lastro econômico e uso de artifícios para criar aparência de legalidade.

Segundo o BC, recursos do Master teriam sido “reciclados” por meio de uma cadeia de fundos e sociedades interpostas, mantendo a mesma origem e o mesmo beneficiário final. Essa estrutura, de acordo com a análise, viola princípios de transparência e segregação fiduciária, configurando potenciais crimes penais.

Essa comunicação ao MPF soma-se às investigações já em curso sobre a suposta fraude de R$ 12 bilhões na venda de carteiras de crédito ao BRB, que motivaram a Operação Compliance Zero da Polícia Federal e a prisão temporária de Vorcaro em novembro.

Depoimentos marcam o dia

Enquanto o TCU analisa a resposta do BC, a crise do Master ganha novo capítulo nesta terça-feira (30). A Polícia Federal colhe depoimentos separados de Daniel Vorcaro, do ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e do diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos. Inicialmente prevista uma acareação direta, o procedimento foi ajustado para oitivas individuais, com possibilidade de confronto posterior caso surjam divergências relevantes.

A expectativa no mercado financeiro é de que os esclarecimentos ajudem a delimitar responsabilidades na frustrada negociação entre Master e BRB, vetada pelo BC em meio a suspeitas de irregularidades bilionárias.

O caso expõe fragilidades na supervisão de instituições de médio porte e reacende o debate sobre a autonomia do Banco Central em intervenções no sistema financeiro. Entidades como Febraban e ABBC têm manifestado apoio à atuação da autarquia, alertando para riscos de insegurança jurídica caso decisões técnicas sejam revistas por vias judiciais ou de controle externo.

A liquidação do Master representa o maior acionamento recente do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), com estimativas de impacto superior a R$ 40 bilhões. O processo segue sob sigilo em múltiplas frentes, incluindo o Supremo Tribunal Federal, onde tramita inquérito relatado pelo ministro Dias Toffoli.



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