Alessandra Campelo, Roberto Cidade e turma do Wilson Lima aprovam empréstimo de quase R$ 400 milhões e deixam o AM ainda mais endividado
Amazonas – A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) aprovou, nesta quinta-feira (11/12), a autorização para que o Governo do Estado contrate um novo empréstimo internacional de até 60 milhões de dólares — cerca de 327 milhões de reais — junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). A condução da matéria no plenário teve protagonismo direto da base governista, liderada pela deputada Alessandra Campelo e pelo presidente da Casa, Roberto Cidade, ambos aliados do governador Wilson Lima.
Foram eles que colocaram a discussão em pauta e aceleraram a votação do projeto, mesmo diante de questionamentos sobre a falta de transparência e do curto prazo para análise. O texto chegou à Aleam apenas na última terça-feira (9/12), em plena reta final dos trabalhos legislativos, e tramitou em regime de urgência a pedido do Executivo estadual.
Identificado como Projeto de Lei Ordinária nº 1054 de 2025, o pedido de autorização expôs novamente a dinâmica já conhecida no Parlamento amazonense: a maioria governista garantindo a aprovação de matérias sensíveis, enquanto dúvidas centrais permanecem sem resposta.
As críticas se concentraram, sobretudo, na ausência de informações concretas sobre a destinação dos recursos. O deputado Wilker Barreto (Mobiliza) votou contra o projeto. Já os deputados Delegado Péricles (PL) e Comandante Dan (Podemos) optaram pela abstenção, sinalizando desconforto com a proposta apresentada pelo governo.
A justificativa enviada pelo Executivo não detalha investimentos, obras ou políticas públicas específicas. O documento limita-se a afirmar que os recursos integram o programa Progestão, voltado ao aprimoramento da administração estadual, com objetivos genéricos como racionalização de despesas, sustentabilidade fiscal e modernização de processos orçamentários, financeiros, patrimoniais e de recursos humanos.
Mesmo sem metas claras, cronogramas ou indicação precisa de onde e como o dinheiro será aplicado, a base aliada optou por avançar com a autorização. Segundo o governo, o empréstimo permitirá implementar reformas estruturantes para aumentar a eficiência administrativa, ampliar a transparência e melhorar os serviços públicos. Na prática, porém, trata-se de um discurso amplo, que não oferece garantias de resultados nem mecanismos claros de fiscalização.
A aprovação do novo empréstimo reforça o padrão de endividamento do Estado sob a gestão de Wilson Lima, com o aval da Aleam. Enquanto o governo amplia sua capacidade de contrair dívidas, o Parlamento abdica de um papel mais rigoroso de controle e debate, transformando decisões de alto impacto financeiro em votações rápidas e pouco aprofundadas.
Ao final, o Amazonas assume mais um compromisso milionário sem saber exatamente qual retorno concreto será entregue à população. A conta, como sempre, ficará para os cofres públicos — e para os contribuintes — enquanto a base governista garante mais uma vitória política ao Executivo.
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