Abandono da Saúde no Governo Wilson Lima: grávidas e enfermeiros denunciam colapso no Instituto Dona Lindu; veja vídeo
Manaus – O que era para ser uma referência em atendimento humanizado à saúde da mulher no Amazonas se transformou em um cenário de horror e negligência sob a gestão do governador Wilson Lima. No Instituto da Mulher Dona Lindu, unidade essencial para gestantes de alto risco na capital, relatos de funcionários e familiares expõem um colapso assistencial que coloca em risco vidas de mães e bebês todos os dias. Falta de obstetras, cirurgias atrasadas por horas, desvio de funções e até óbitos fetais recorrentes marcam a rotina dessa maternidade, revelando a falência completa da política de saúde do governo estadual.
Funcionários que atuam na linha de frente descrevem uma realidade alarmante: em muitos plantões, especialmente noturnos, apenas quatro obstetras são responsáveis por atender toda a demanda da unidade. “Os médicos chegam sobrecarregados do turno diurno e, à noite, evitam procedimentos para descansar minimamente. O resultado é um caos total, sem profissionais disponíveis quando mais se precisa”, relata um deles. Essa escassez força demoras absurdas em emergências, com pacientes aguardando mais de duas horas em sala de cirurgia à espera de um médico. Em casos extremos, equipes de enfermagem acabam assumindo responsabilidades que não lhes cabem, procurando desesperadamente por doutores dentro do hospital.
Veja vídeo:
Pior ainda: denúncias apontam que cirurgiões gerais, sem especialização em obstetrícia, realizam procedimentos complexos como cesarianas e curetagens – práticas irregulares que expõem gestantes a riscos desnecessários. “Eles muitas vezes não sabem os protocolos corretos, dependem de orientações da enfermagem e, em complicações, não sabem como reagir”, afirma outro funcionário. Antes da terceirização impulsionada pelo governo Wilson Lima, com a gestão direta da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e uma cooperativa local, havia pelo menos 12 obstetras por plantão. Agora, com médicos trazidos de outros estados pela organização contratada, que ficam em turnos exaustivos de 15 a 30 dias, o esgotamento das equipes só agrava o problema.
Os impactos são devastadores e diretos: óbitos fetais por demora no atendimento se tornaram recorrentes, com casos de bebês nascendo em sofrimento ou já sem vida. Familiares em desespero relatam cenas de sofrimento inimaginável. Uma gestante em trabalho de parto desde sexta-feira, com contrações intensas e dilatação estagnada em um centímetro, rodou por várias maternidades até chegar ao Dona Lindu – e mesmo ali, foi negada internação inicial. “É um descaso total, falta de humanidade. Só atendem quando a criança já está sofrendo. Hoje já tiveram seis óbitos aqui”, desabafa um acompanhante, destacando a falta de infraestrutura básica, como monitores de batimentos cardíacos e ar-condicionado.
Outros depoimentos são ainda mais chocantes: gestantes com dores há dias sendo mandadas para casa após exames superficiais, casos de eclâmpsia ignorados por horas, e até um feto morto retido por três semanas dentro da mãe, tratado como “não prioritário” enquanto a mulher definhava. “Vi minha filha secando, perdendo a cor, e ninguém agia. Só moveram quando ameacei chamar polícia e imprensa. Ontem morreu uma jovem que chegou andando: hemorragia, parada cardíaca, e abafaram o caso”, conta uma mãe em prantos.
Essas tragédias não são isoladas – são o reflexo de uma gestão terceirizada questionável, implementada pelo governo Wilson Lima, que prioriza contratos milionários em detrimento da qualidade do atendimento. Enquanto o governador gaba-se de investimentos genéricos na saúde, maternidades como o Dona Lindu viram sinônimo de sofrimento e morte evitável. Quantas vidas mais precisarão ser perdidas para que Wilson Lima assuma a responsabilidade por esse caos? Órgãos como o Conselho Regional de Medicina e a própria SES-AM precisam ser acionados urgentemente para investigar e punir essas irregularidades. As gestantes e famílias do Amazonas merecem mais do que promessas vazias: merecem um governo que priorize vidas, não contratos duvidosos. O colapso no Dona Lindu é o espelho da incompetência que marca a administração Wilson Lima na saúde pública.


