A farsa da reitoria: como Eron Bezerra e Tanara Lauschner querem transformar a UFAM em um feudo do PCdoB
Amazonas – Um escândalo político e administrativo ronda os corredores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde a eleição para reitor está expondo as entranhas de uma articulação que mistura ambição, irregularidades e o desejo de transformar a instituição em um reduto do PC do B. No centro dessa trama está Eron Bezerra, líder do partido no Amazonas, professor da Ufam e figura marcada por um histórico de contas reprovadas e condenações por mau uso de dinheiro público. Seu plano? Colocar Tanara Lauschner, sua pupila e parceira de longa data, como reitora, enquanto ele puxa as cordas nos bastidores.
Quem é Eron Bezerra?
Eron Bezerra não é um nome desconhecido no Amazonas. Ex-deputado estadual por cinco mandatos consecutivos, professor da Ufam e ex-secretário de Estado da Produção Rural (Sepror), ele carrega um currículo acadêmico respeitável – engenheiro agrônomo e doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – que contrasta brutalmente com sua trajetória de irregularidades. O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e o Tribunal de Contas da União (TCU) já o colocaram na mira diversas vezes, e os números falam por si.
Em 2012, quando Eron comandava a Sepror, Tanara Lauschner era sua secretária executiva. Juntos, eles afundaram o órgão em um mar de problemas. O TCE-AM reprovou as contas daquele ano, aplicando multas e exigindo que Eron devolvesse R$ 2,6 milhões aos cofres públicos por irregularidades na gestão.
Em 2017, as contas de 2013 da Sepror, também sob o comando da dupla, foram novamente reprovadas, com Eron obrigado a devolver mais de R$ 200 mil.
Em 2019, o TCE-AM foi ainda mais longe, aplicando R$ 7,8 milhões em multas a ex-gestores da Sepror, incluindo Eron e Tanara, por falhas graves na prestação de contas de 2012.
E não para por aí. Em 2021, o TCU condenou Eron a devolver R$ 1,5 milhão por irregularidades em um convênio que deveria construir uma indústria de polvilho entre os municípios de Careiro e Manaquiri.
O dinheiro supostamente foi desviado, os equipamentos comprados, mas a obra nunca saiu do papel. Em 2022, o nome de Eron apareceu seis vezes na lista de gestores com contas julgadas irregulares pelo TCE-AM.
A Laranja de Eron: Tanara Lauschner
Tanara Lauschner, a “loira do PC do B”, como é chamada nos bastidores da Ufam, é o rosto escolhido para essa empreitada. Filiada ao partido, ela já foi pró-reitora da Protec, onde, segundo relatos internos, deixou uma péssima impressão ao tratar técnicos administrativos (TAEs) com arrogância, chamando-os de “burros” e “incompetentes”.
Em 2020, coordenou o projeto SUPER, uma parceria com a Samsung para combater a evasão nos cursos de tecnologia, recebendo uma bolsa de cerca de R$ 15 mil – mas não sem controvérsias. Tanara tentou acumular outra bolsa de R$ 30 mil, gerando atritos com a gestão da universidade.
Em abril de 2023, Eron foi indicado para o cargo de subsecretário de Ciência e Tecnologia para a Amazônia no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), mas sua nomeação nunca foi publicada.
O motivo? Sua ficha suja e o bloqueio de bens determinado pela Justiça, resultado de suas condenações. Meses depois, em setembro de 2023, quem assumiu o posto foi Tanara.
Coincidência? Não para os críticos, que a apontam como uma “laranja” de Eron, colocada ali por indicação política do PC do B.
Tanara foi exonerada do cargo no MCTI para tentar uma candidatura a vice-prefeita de Manaus em 2024, mas o plano fracassou – seu nome não tinha peso suficiente. Rapidamente, ela voltou ao posto de subsecretária, acumulando experiência para turbinar sua campanha à reitoria da Ufam. A facilidade com que entra e sai de cargos estratégicos levanta suspeitas de um acordo bem costurado com Eron e o PC do B.
O Plano para a Ufam
A chapa 57, encabeçada por Tanara, tem Eron como seu principal articulador. Para compor a chapa, escolheram Geone, diretor de uma unidade do interior, como vice – uma jogada para conquistar os campi fora da capital, que há anos reclamam de abandono. A dupla se vende como a solução perfeita para representar a Ufam da capital e do interior. Mas a estratégia não está convencendo.
Os diretores do interior não conseguiram mobilizar suas comunidades, e a presença constante de Eron em eventos da chapa – de feijoadas a debates – só reforça a percepção de que ele é o verdadeiro cérebro por trás de tudo.
O objetivo, segundo os críticos, é claro: aparelhar a Ufam, transformá-la em um “poço comunista” e repetir o padrão de irregularidades que marcou a passagem de Eron e Tanara pela Sepror. A universidade, já combalida por desafios estruturais, seria o novo palco para as ambições políticas de um homem cuja carreira parlamentar entrou em declínio e que agora busca poder nos bastidores.
Diante destas movimentações, que estão vindo à tona às vésperas da eleição, a comunidade universitária e servidores estão temendo que a chapa seja eleita. “Partido Político na UFAM, não!”, diz uma campanha nas redes sociais.











