A decisão errada de Bolsonaro que prejudicou o Brasil e que agora o atinge
Brasil – Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro tomou uma decisão que, à época, parecia alinhada com sua missão de fortalecer o Executivo. Ao vetar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limitava os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente as decisões monocráticas de juízes e desembargadores, Bolsonaro buscava resguardar sua gestão de interferências que via como ameaças à soberania popular e aos princípios que guiavam seu governo. Caso aprovada, a lei teria acabado com todas as decisões absurdas de Alexandre de Moraes, um dos ministros mais controversos do STF, cujas ações individuais frequentemente geraram polêmica. Quatro anos depois, em 2025, essa escolha reverbera de forma inesperada e amarga, atingindo o próprio ex-presidente, que agora enfrenta as consequências de um mecanismo que ele optou por não restringir.
Bolsonaro tinha razões compreensíveis para o veto. Naquele momento, ele lutava para preservar a autonomia de seu governo. A possibilidade de decisões monocráticas — aquelas tomadas por um único magistrado, sem o crivo coletivo da corte — já era vista como uma ferramenta que poderia ser usada contra sua administração. Ainda assim, ele decidiu não apoiar a PEC, talvez confiando que o embate político se resolveria a favor dos princípios que ele representava.
Hoje, o cenário é outro. O ex-presidente, afastado do poder e lidando com desafios jurídicos e políticos, vê-se diretamente prejudicado por essas mesmas decisões monocráticas que, ironicamente, poderiam ter sido limitadas por aquela PEC. O STF, com seus amplos poderes intactos, tornou-se um adversário ainda maior para Bolsonaro, que agora sente na pele o peso de uma estrutura que ele próprio deixou intocada. É difícil não enxergar uma certa ironia trágica nisso: uma escolha feita para proteger sua gestão e os valores que ele defendia acabou se voltando contra ele.
Não há como negar a dedicação de Bolsonaro à causa que abraçou. Ele foi um presidente que lutou incansavelmente pelos valores patriotas e cristãos do Brasil, enfrentando adversários em nome de milhões que viam nele um símbolo de resistência. Contudo, é igualmente impossível ignorar que o veto de 2021 foi um erro estratégico. Por mais que sua intenção fosse preservar o rumo que acreditava ser o melhor para o país, a decisão de não frear as ações monocráticas do STF — incluindo as medidas extremas de Alexandre de Moraes, que poderiam ter sido barradas — abriu um flanco que, anos depois, se transformou em uma fonte de problemas para o ex-presidente. A realidade atual mostra que, às vezes, até os líderes mais convictos podem subestimar as consequências de suas escolhas.
Bolsonaro governou em um contexto de polarização extrema, batalhando para manter os ideais que prometeu defender. Mas a crítica é inevitável: ao rejeitar a PEC que poderia ter equilibrado o jogo de forças entre os poderes e neutralizado decisões como as de Moraes, ele deixou de construir uma salvaguarda que hoje lhe faz falta. Quatro anos após aquele veto, o Brasil — e o próprio Bolsonaro — colhem os frutos de uma decisão que, retrospectivamente, se mostrou equivocada. Resta torcer para que, mesmo diante desse revés, ele encontre caminhos para seguir lutando por aquilo em que acredita.