Saiba quem é Doca, o chefe do tráfico mais temido do RJ que fez chamada de vídeo com o cantor Oruam
Brasil – O nome dele causa medo até entre aliados. Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou “Urso”, carrega 26 mandados de prisão, 269 anotações criminais e uma trajetória violenta que atravessa três décadas. Hoje, é o chefe absoluto do tráfico no Complexo da Penha e o braço direito de Marcinho VP no comando do Comando Vermelho.
No comando do Complexo da Penha, Doca impõe o medo com violência e táticas de guerra. Ele lidera a chamada “Tropa do Urso”, um grupo formado por criminosos treinados por ex-militares e ex-policiais, responsáveis por erguer barricadas e usar drones para monitorar cada entrada da comunidade. O objetivo é claro: impedir o avanço de facções rivais e dificultar a chegada da polícia.
De Queimados ao topo do Comando Vermelho
Nascido em Caiçara (PB), Doca chegou ao Rio nos anos 1990 e começou no tráfico do Morro São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense. Ficou conhecido pela violência extrema e pelo controle territorial baseado na “Lei do Silêncio”. Foi preso uma única vez, em 2007, após 11 horas de confronto com a polícia — justamente no dia de seu aniversário.
Solto em 2016, voltou à ativa por indicação de Elias Maluco, que o colocou à frente de um ponto de drogas na Penha. Após a morte de Elias e outros líderes, em 2020, Doca assumiu o comando de todo o Complexo — considerado o coração do Comando Vermelho.
O elo com Oruam
Um relatório sigiloso da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelou que Doca participou de chamadas de vídeo com o cantor Oruam, filho de Marcinho VP, e outros traficantes de alta cúpula, como Cocão e Coelhão.
As imagens, segundo a polícia, mostram o artista atuando como um interlocutor entre facções rivais, tentando costurar uma trégua entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. “O investigado usa o rótulo de artista para encobrir sua real atuação no submundo do crime”, aponta o relatório.
O líder que escapou da megaoperação
Doca foi o principal alvo da megaoperação realizada na última terça-feira (28), que terminou com 121 mortos, o maior número da história do Rio. Mesmo com o cerco, o traficante conseguiu escapar. O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.
Após a ação, Oruam usou as redes sociais para criticar a operação, comparando as favelas a “campos de concentração” e afirmando que “a caneta mata mais do que o fuzil”.
A Polícia Civil segue investigando o caso, e novas diligências contra o cantor não estão descartadas. Enquanto isso, Doca, o ‘Urso da Penha’, segue livre, comandando de longe o império do crime que construiu à base de medo, drones e sangue.
