Primeiro Jutaí e agora Tonantins: a população do Amazonas não aguenta mais a impunidade e faz “Justiça com as próprias mãos”
Amazonas – O estado do Amazonas, com suas vastas distâncias e comunidades isoladas, enfrenta uma crise profunda que vai além da geografia: o colapso da segurança pública e a fragilidade do sistema judiciário. Dois casos brutais, em Jutaí e Tonantins, expõem a revolta de uma população que, abandonada pelo Estado, recorre à violência para buscar justiça. Em setembro de 2024, Jutaí foi palco de um linchamento chocante: Gregório Patrício da Silva, acusado de estuprar e assassinar a bebê Laylla Vitória, de 1 ano e 7 meses, foi retirado à força da delegacia, espancado e queimado vivo por uma multidão enfurecida. Menos de um ano depois, entre 31 de julho e 1º de agosto de 2025, Tonantins viveu um episódio igualmente brutal: Valdilene Prestes foi assassinada pelo companheiro, conhecido como “Compensa”. Na madrugada de sábado para domingo, 2 de agosto, a população invadiu a 54ª Delegacia Interativa de Polícia, arrancou o acusado da cela, espancou-o e ateou fogo em seu corpo ainda vivo. Esses atos extremos, embora chocantes, são o grito de uma sociedade que não suporta mais a impunidade.
Em Jutaí, o crime contra Laylla Vitória chocou pela crueldade. Gregório Patrício da Silva, de 48 anos, foi preso, mas a notícia de sua detenção incendiou a revolta popular. Centenas de pessoas cercaram a delegacia, atirando pedras, rojões e coquetéis molotov, até conseguirem invadir o local. O suspeito foi brutalmente agredido com pedaços de madeira, teve gasolina jogada sobre o corpo e foi queimado vivo em praça pública, em cenas transmitidas ao vivo nas redes sociais. O caso ganhou ainda mais complexidade quando a Justiça prendeu 16 pessoas, incluindo Vitória Assis Nogueira, mãe da criança, acusada de participar do linchamento. Após oito meses de prisão preventiva, Vitória teve sua liberdade concedida em 7 de julho de 2025, junto com outros quatro réus, após uma audiência de mais de 11 horas. O juiz da Comarca de Jutaí reconheceu o excesso de prazo na detenção, e o Ministério Público apoiou a soltura, que veio com medidas cautelares. Para a defesa, a prisão da mãe foi uma “dupla punição”, somando a perda trágica da filha à privação de liberdade.
Em Tonantins, a história se repetiu com contornos igualmente trágicos. Valdilene Prestes, vítima de feminicídio, foi assassinada pelo companheiro “Compensa”. Preso e levado à delegacia, ele não ficou detido por muito tempo. Uma multidão invadiu a 54ª DIP, destruiu
grades, arrastou o acusado algemado para a rua e o linchou com socos, chutes e pauladas, antes de queimá-lo vivo. Vídeos mostram a brutalidade do ato, com policiais incapazes de conter a fúria popular. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas prometeu investigar, mas a ausência de uma resposta oficial imediata só reforça a percepção de abandono.
Esses episódios expõem a falência do sistema de segurança e justiça no Amazonas. Delegacias em cidades remotas, como Jutaí e Tonantins, operam com efetivo reduzido, infraestrutura precária e logística insuficiente. A presença policial é mínima, e a resposta a crimes hediondos, como estupros e feminicídios, muitas vezes não chega a tempo. O Judiciário, por sua vez, é lento e, em muitos casos, leniente.
Além disso, no Brasil, crimes hediondos como os de Jutaí e Tonantins, que chocam pela brutalidade, não podem ser punidos com a pena de morte, uma medida prevista na Constituição Federal de 1988 apenas em casos de guerra declarada. Nos Estados Unidos, estados como a Flórida aplicam a pena capital para crimes graves, como estupro de crianças ou assassinatos premeditados, com execuções realizadas por injeção letal ou cadeira elétrica.
Em em condenado na Flórida, criminosos como Gregório e “Compensa” enfrentariam a morte após um julgamento, encerrando rapidamente o ciclo de impunidade. No Amazonas, porém, a realidade é outra: criminosos condenados por atos bárbaros cumprem penas em presídios que, apesar de superlotados, oferecem condições que muitas vezes superam as moradias precárias do interior do estado. Em cidades como Jutaí e Tonantins, onde casas de palafita carecem de saneamento básico, comida e energia elétrica instável, presos têm garantidos alimentação, dormitórios e energia elétrica — tudo custeado pelos impostos da população. Essa disparidade alimenta a revolta popular, que vê no sistema carcerário brasileiro não uma punição, mas um privilégio imerecido para quem destrói vidas, enquanto as vítimas e suas famílias seguem desamparadas.
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