“Operação Xeque-Mate”: chefe de facção no Amazonas fez plásticas e usava documentos falsos para escapar da PF
Amazonas – O homem por trás de um dos maiores impérios do tráfico no Norte do país decidiu mudar não só o jogo, mas também o próprio rosto.
Alan Sérgio Martins Batista, conhecido nos bastidores do crime como “Alan do Índio”, está na mira da Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal.
Apontado como o líder máximo da facção no estado, Alan é acusado de usar plásticas faciais e documentos falsos para circular livremente, inclusive fora do Brasil, enquanto comandava uma rede milionária de tráfico e lavagem de dinheiro.
Nesta segunda-feira (6), a PF cumpriu mandados de prisão e busca em Manaus e São Paulo.
Três pessoas foram presas, entre elas Cristina Nascimento, esposa do traficante, surpreendida em uma mansão repleta de joias, relógios e artigos de luxo.
Alan, porém, segue foragido — e, segundo os investigadores, pode estar escondido no Rio de Janeiro, protegido por comparsas do próprio CV.
A história de Alan com a polícia não é nova. Em 2017, ele chegou a ser preso por negociar armas com facções de outros estados. Depois de deixar a cadeia, desapareceu.
De acordo com a PF, foi nesse período que o criminoso se submeteu a uma série de cirurgias plásticas, alterando traços do rosto para apagar seu passado dos sistemas de reconhecimento.
Com uma nova identidade e aparência, Alan teria reconstruído seu império do tráfico, ampliando conexões com grupos colombianos e criando uma rede financeira digital difícil de rastrear.
As investigações mostram que o grupo de Alan movimentava milhões de reais através de criptoativos, tecnologia que usa blockchain e criptografia para garantir o anonimato das transações.
Com isso, o Comando Vermelho pagava por carregamentos de drogas vindos da Colômbia e lavava o dinheiro usando empresas de fachada e uma fintech apelidada de “Carto” — uma referência ao “cartel” que inspirava a estrutura criminosa.
No total, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 122 milhões em bens, contas e investimentos digitais ligados à quadrilha.
A queda do “novo rosto” do tráfico começou há um ano. Em setembro de 2024, uma embarcação no interior do Amazonas foi interceptada com mais de duas toneladas de drogas.
A carga, segundo a PF, pertencia a Alan. A partir daí, os investigadores seguiram o rastro do dinheiro, chegando ao núcleo que lavava os lucros do tráfico com aparência de negócios legais.
Mesmo com o cerco apertando, Alan do Índio ainda não foi localizado.