Mãe e irmãos de médica dizem que ela mentiu sobre ex-marido assassinado: “Nádia Tamires é manipuladora”; veja vídeo
Brasil – Uma reviravolta dramática marcou as investigações sobre a morte do médico Alan Carlos, assassinado a tiros no último domingo (16) em Arapiraca. Enquanto a defesa da autora do crime, a médica Nádia Tamyres, sustenta a tese de legítima defesa motivada por um suposto histórico de abusos contra a filha do casal, a própria família da acusada veio a público para desmenti-la. A mãe e os irmãos de Nádia afirmam categoricamente que Alan era inocente e que a médica é uma pessoa “perversa e manipuladora”.
Família contesta versão de abuso e legítima defesa
Nádia Tamyres, que foi presa em Maceió horas após o crime, alegou em depoimento que atirou no ex-marido porque ele havia descumprido uma medida protetiva e ela temia por sua vida. Ela também afirmou que Alan havia abusado da filha do casal há um ano e meio.
Contudo, Josefa Gomes de Lira Cavalcante, mãe de Nádia, gravou vídeos refutando essa versão. Segundo Josefa, existem diversos laudos médicos que comprovam a inocência de Alan em relação às acusações de estupro de vulnerável. “Minha neta nunca foi abusada, existem vários laudos médicos mostrando a inocência de Alan Carlos”, declarou a mãe, afirmando que está “implorando pela verdade” e para que parem de desonrar o nome do médico.
O irmão da acusada, Emerson Lima Barros, corroborou a versão da mãe em entrevista. Ele afirma que a irmã agiu de forma covarde e premeditada, possivelmente motivada por interesses financeiros, citando a inauguração de uma academia que o casal construiu junto e que seria aberta nos próximos dias. Emerson revelou ainda que a família chegou a procurar o Ministério Público para denunciar a conduta de Nádia, após ela supostamente ameaçar matar a filha e cometer suicídio caso perdesse a guarda da criança.
A Emboscada: Bolo, Refrigerante e Tiros
A mãe da médica explicou o motivo de Alan estar no local do crime. Segundo ela, o encontro foi combinado para a entrega de itens para a filha: um bolo, um refrigerante e uma sandália. Como Alan não podia entrar na residência devido às restrições de aproximação, o encontro foi marcado em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima.
Edigiane Oliveira Félix, cunhada de Nádia que estava no carro com Alan, descreveu o momento da execução como uma ação unilateral da médica, negando qualquer ameaça por parte da vítima.
Transcrições na Íntegra
Abaixo, reproduzimos na íntegra os depoimentos da mãe da autora do crime e da testemunha ocular que acompanhava a vítima:
Depoimento de Josefa Gomes de Lira Cavalcante (Mãe de Nádia)
“Sou Josefa Gomes de Lira Cavalcante, mãe de Nádia Tamires de Silva Lima. Vim falar aqui que a sociedade de Arapiraca, do estado de Alagoas, que minha filha está mentindo, que minha filha está mentindo. Ela é um ser humano manipulador, perversa, né? Como eu falei para o juiz, essas palavras, infelizmente, não conheço o senhor juiz, mas a minha filha, porque ela se tornou uma filha perversa e manipuladora. E que eu tinha medo de acontecer alguma coisa comigo, com meu filho, e com Alan Carlos e com a minha nora que estava aqui, aqui presente.
Porém, ninguém, na verdade, não acreditou. Não acreditou em mim, tanto é que o fato aconteceu, o que eu temia já estava para acontecer. Isso tudo é um conjunto de mentiras. Minha neta, ela nunca foi abusada. Existem laudos, não é um, dois, três, são vários, vários laudos médicos, mostrando a inocência de Alan Carlos.
Eu peço, eu imploro a vocês, se isso não fosse verdade, eu não estaria aqui, apelando e implorando para cada um de vocês, mãe, pai, avô, avó, pela verdade. Não, uma mãe sabe quando um filho está mentindo. Isso é um apelo de coração de mãe, de avó, e o rapaz é inocente. Já perdeu a vida, e vão continuar, vão continuar desonrando o nome de um inocente.”
Depoimento de Edigiane Oliveira Félix (Testemunha)
“Eu sou Edigiane Oliveira Félix, sou a menina da moto da tragédia que aconteceu no domingo. Fui pegar o bolo e o refrigerante, uma sandalinha que o Alan comprou. Quando eu cheguei no local, ele já estava. Mandei ele baixar o vidro do carro, ele baixou, me entregou a sacola. Foi no momento que eu olhei pro lado e vi a Doutora Nádia vindo. Aí eu disse: “Alan, sobe o vidro do carro e deixa ela passar, que ela vai passar, é, na estrada. Você não mexe, ela não vai mexer.” Mas ela parou e começou, abaixou os vidros e começou a gritar: “Quem é que tá no carro? Quem é que tá no carro? Abaixa o vidro, abaixa o vidro.” Em seguida, ela desceu do carro com a arma apontando para mim, e eu gritando: “Por favor, Nádia, por favor, por favor. Não faça isso, não faça isso.” Foi, ela se aproximou mais do carro e viu que era ele e começou a disparar os tiros, e eu no meio do fogo, do fogo cruzado. Foi quando ele engatou a ré, mas ele já estava baleado e não conseguiu.
Aí ela vai para o lado e começa a atirar na janela do, do carro. E eu começo a gritar para a população: “Chama SAMU! Chama SAMU! Liga para o SAMU, por favor!” Aí foi quando eu voltei para o carro e eu gritei: “Alan, por favor, não vá, oh, por favor, não vá!” Mas foi quando ele suspirou, suspirou, o último suspiro. Foi quando ele faleceu. E ela olhando o tempo todo no meu pé, e eu gritando: “Por favor, por favor, Alan, não vá, não vá!” Aí foi quando ela gritou para a sociedade: “Ele é estuprador!” Eu disse: “Ele não é, ele foi inocentado. Você sabe muito bem que ele foi inocentado. A população não tá sabendo que ele foi inocentado. Ele foi inocentado.” Foi quando ela olhou pra minha cara e disse: “Se, é, se não tivesse descarregado…””
Depoimento de Emerson Lima Barros: “Ela matou um inocente”
Segundo Emerson Lima Barros, ouvido pelo TNH1, o ex-cunhado foi morto de forma covarde e a irmã teria premeditado tudo, inclusive com interesses financeiros.
“Ela não agiu em legítima defesa, tanto é que a quantidade de disparos não atua como legítima defesa. Ela não agiu corretamente. Depois que nós descobrimos toda a verdade, ninguém estava apoiando. Eu não estava a apoiando. Minha mãe não estava apoiando. Ela agiu covardemente depois que viu que as mentiras estavam sendo descobertas”, afirma o irmão de Nádia.
De acordo com Emerson, a família está em choque e certa de que a médica matou um homem inocente. “Eu como irmão já a defendi com unhas e dentes, travei brigas por ela. Mas aí o tempo foi passando e fomos percebendo que ela mentia. Nós acreditamos na inocência do Alan, ela matou um inocente. Minha mãe, que também é mãe dela, sabe da verdade, sabe que ela matou um inocente”, disse.
Para o irmão da médica, ela agiu de caso pensado e foi orientada a não dividir bens em comuns com o ex-marido. “O Alan nunca deixou de amar a Nádia e ela sabia disso. Porque ela nunca pediu o divórcio? Agora ela é viúva e tem posse de tudo que era dele, ela foi bem orientada”, diz, citando o bem comum mais recente do ex-casal.
“Eles construíram uma academia juntos, a inauguração está marcada para o próximo dia 22. Era o sonho do Alan, vamos inaugurar nem que tenhamos que ir com a polícia”, conta o homem dando a entender que há uma disputa.
Emerson conta ainda que morou ao menos 15 anos com o cunhado e com a irmã e que nunca presenciou nada que desabonasse a conduta de Alan. “Fui para a Bolívia com eles quando foram estudar Medicina, moramos em Minas Gerais e São Paulo. A gente tinha liberdade para conversar sobre tudo, sobre mulheres. Nunca vi nada de errado”.
Questionado sobre a denúncia de Nádia de estupro de vulnerável contra a filha, ele rebate: “Uma grande mentira, tanto que ele foi inocentando. Estava trabalhando em Maceió, quando meu outro cunhado me ligou contando. Fui direto na casa dela, acreditei na palavra dela, mas depois vimos os laudos e a máscara dela foi caindo. Temos laudo que comprovam que foi mentira e minha esposa trabalhou como babá da minha sobrinha, ela percebeu que a menina repetia tudo que a mãe mandava”, contou.
Polícia descarta legítima defesa e aponta estopim
Corroborando a versão da família, a Polícia Civil de Alagoas descartou oficialmente a tese de legítima defesa apresentada pela médica Nádia Tamyres. O delegado Daniel Scaramello, da Unidade de Atendimento ao Local de Crime 1 (UALC 1) da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi enfático ao afirmar que a ação foi premeditada.
“Ficou constatado que não houve legítima defesa. A autora desceu do carro já portando uma arma de fogo e apontando para a vítima. Após uma breve discussão, ela efetuou diversos disparos, impedindo ou dificultando qualquer possibilidade de defesa”, detalhou o delegado Scaramello.
A análise detalhada das imagens das câmeras de segurança em frente à UBS mostra que a médica chegou ao local, caminhou até o veículo do ex-marido e disparou várias vezes, enquanto ele tentava, sem sucesso, fugir dando marcha ré.
Disputa por guarda foi o estopim
As investigações da Delegacia de Homicídios da Capital indicam que o crime foi motivado pela revolta de Nádia após a absolvição de Alan Carlos na acusação de estupro de vulnerável contra a filha, registrada em 2024. A situação tornou-se crítica quando o médico entrou com um pedido judicial de guarda compartilhada da criança. Segundo a polícia, esse movimento jurídico teria sido o estopim para que a médica decidisse assassinar o ex-marido.
Nádia Tamyres foi presa em flagrante e, após os procedimentos no Instituto Médico Legal (IML), passará por audiência de custódia, onde a Justiça definirá se ela permanecerá presa preventivamente.
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