Justiça mantém prisão de vereador Bual e da chefe de gabinete após revelações de esquema de “Rachadinha”
Manaus – A Justiça do Amazonas decidiu manter a prisão preventiva do vereador Rosinaldo Ferreira da Silva, o Bual (Agir), e de sua chefe de gabinete, Luzia Seixas Barbosa, após audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (3). O magistrado responsável considerou legais os atos prisionais conduzidos pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
As investigações apontam que Bual e Luzia comandavam um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos, envolvendo práticas de “rachadinha” e movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados.
Patrimônio incompatível
Entre 2017 e 2023, Bual declarou R$ 996 mil em rendimentos oficiais, mas movimentou mais de R$ 5,2 milhões em suas contas bancárias. A diferença de R$ 4,2 milhões sem origem lícita evidenciou um desequilíbrio patrimonial expressivo. Em 2017, o vereador havia declarado patrimônio zerado, mas nos anos seguintes apresentou crescimento abrupto de bens.
Cofres cheios de dinheiro
Durante as diligências, o MPAM apreendeu três cofres pertencentes ao vereador. Como Bual se recusou a fornecer as senhas, os equipamentos foram abertos com apoio do Corpo de Bombeiros. Dentro deles, foram encontrados R$ 390 mil em espécie, dois cheques que somavam mais de R$ 500 mil, além de passaportes e documentos considerados relevantes para a investigação.
O papel de Luzia Seixas
Apontada como “braço operacional” do esquema, Luzia Seixas seria a responsável por intermediar os repasses ilegais realizados por servidores comissionados. Para o MPAM, ela era peça-chave na engrenagem da suposta organização criminosa liderada pelo parlamentar.
Denúncia interna e histórico
O caso ganhou novos contornos após a delação de Gabriel Barbosa, afilhado e ex-assessor de Bual. Preso em abril deste ano, junto com outro homem, por furtar R$ 130 mil e uma arma da casa do vereador, ele teria revelado detalhes do esquema de rachadinha.
Crimes e bloqueio de bens
No momento da prisão, o vereador ainda foi flagrado em posse irregular de uma arma de fogo de uso permitido. Ele deve responder pelos crimes de peculato, concussão, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A Justiça determinou, ainda, o bloqueio de R$ 2,5 milhões em bens e valores vinculados ao vereador, como forma de ressarcir parte dos prejuízos causados ao erário.