Fraude de R$ 12 bilhões: quem é Daniel Vorcaro, dono do Banco Master preso pela PF
Brasil – O banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (18) sob suspeita de comandar um esquema de fraudes financeiras que pode ter movimentado R$ 12 bilhões em operações ilícitas. A prisão ocorreu no aeroporto de Guarulhos, onde ele embarcava em seu jato particular rumo ao exterior — ação que a PF interpreta como tentativa de fuga, embora a defesa negue.
A detenção faz parte da Operação Compliance Zero, que apura a venda de títulos de crédito falsos, emissão de CDBs sem lastro e manobras que teriam sido usadas para mascarar a real situação financeira do banco. Horas após a prisão, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master, interrompendo qualquer negociação de venda, incluindo o interesse recém-anunciado do grupo Fictor.
O centro da fraude: os R$ 12 bilhões que levaram à prisão
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a investigação aponta que o Banco Master:
Emitiu R$ 50 bilhões em CDBs prometendo rendimentos até 40% acima do mercado;
Aplicou parte desses recursos em créditos inexistentes, comprados de uma empresa chamada Tirreno sem qualquer comprovação real;
Revendeu esses créditos ao BRB, que repassou R$ 12,2 bilhões ao Master sem documentação adequada — valor que, segundo a PF, integra o núcleo da fraude bilionária.
Documentos obtidos pelo Ministério Público Federal revelam que o BRB chegou a injetar R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025, sendo R$ 12,2 bilhões em operações consideradas suspeitas.
Os investigadores apontam que o esquema tinha como objetivo inflar artificialmente o patrimônio do Master e sustentar o fluxo de pagamentos dos CDBs oferecidos com taxas irreais.
Prisão cinematográfica e apreensão de jato de R$ 200 milhões
Vorcaro foi detido dentro de sua aeronave de luxo, avaliada em cerca de R$ 200 milhões, equipada com cama e autonomia para rotas de longa distância. O avião foi apreendido pela PF no mesmo dia.



Além do banqueiro, outros seis mandados de prisão foram cumpridos, incluindo:
Luiz Antônio Bull
Alberto Felix de Oliveira Neto
Ângelo Antônio Ribeiro da Silva
Augusto Ferreira Lima (ex-sócio do Master)
Nas buscas, agentes encontraram R$ 1,6 milhão em espécie na casa de um dos investigados.
A trajetória de riscos de Daniel Vorcaro
Conhecido no mercado por operações ousadas, Vorcaro expandiu o Banco Master oferecendo CDBs com remuneração muito acima da média, prática que já causava preocupação no setor.
Seu banco chegou a ser disputado por grandes instituições:
O BRB tentou comprar o Master, mas o negócio foi barrado pelo Banco Central;
O BTG Pactual demonstrou interesse apenas nos ativos de menor risco;
O grupo Fictor anunciou intenção de compra na véspera da prisão.
Com a liquidação extrajudicial decretada pelo BC, todas as tratativas foram suspensas.
Crimes investigados
A PF apura a prática de:
- Gestão fraudulenta
- Gestão temerária
- Organização criminosa
- Emissão de títulos falsos
- Fraudes contra o sistema financeiro nacional
Segundo o diretor da PF, o caso é “uma das maiores fraudes bancárias já investigadas no país”.
Defesa nega fuga e promete recorrer
Os advogados de Vorcaro afirmam que ele não tentava deixar o país para escapar da investigação, mas sim viajar a Dubai para uma reunião com potenciais compradores do Banco Master. A defesa diz que irá entrar com habeas corpus.
O banqueiro passou por audiência de custódia e teve a prisão mantida. Ele segue detido na Superintendência da PF em São Paulo.
Banco Master no limite
O Banco Central justificou a liquidação extrajudicial alegando:
- risco de insolvência,
- indícios de irregularidades graves,
- e ameaça à integridade do sistema financeiro.
A decisão encerra as operações do banco e aciona o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que terá um desafio bilionário pela frente.
A Operação Compliance Zero continua, e novas fases podem ser deflagradas nos próximos dias, ampliando o impacto de um caso que já se tornou emblemático pela fraude estimada de R$ 12 bilhões e pelo colapso de uma das instituições financeiras mais controversas do país.



