“Ela não oferece risco social nenhum”, diz advogado de médica que prescreveu superdosagem fatal de adrenalina; veja vídeo
Manaus – A aparição da médica Juliana Brasil Santos no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), nesta sexta-feira (28), marcou mais um capítulo do caso que abalou Manaus: a morte do menino Benício Xavier de Freitas, de 2 anos, após receber uma superdosagem de adrenalina no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio.
Visivelmente abalada e tentando evitar a exposição, Juliana chegou à delegacia encapuzada e não falou com os jornalistas. Toda a manifestação pública em seu nome ficou a cargo do advogado Felipe Braga, que adotou um tom firme ao sustentar que a cliente não agiu com dolo eventual, como aponta a investigação conduzida pelo delegado Marcelo Martins.
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Braga descreveu a médica como emocionalmente fragilizada, mas cooperativa desde o início do caso. Segundo ele, Juliana já enfrentou sindicâncias internas, prestou esclarecimentos formais e nunca deixou a cidade — fatores que, afirma, foram determinantes para a concessão do habeas corpus preventivo, que impede eventual prisão preventiva.
O defensor buscou afastar a ideia de que a morte tenha ocorrido por indiferença ou aceitação de risco. Para ele, o que existe é um cenário complexo, marcado por falhas em cadeia dentro do hospital, incluindo erros de sistema, troca de via de administração do medicamento e falhas na dupla checagem que deveria impedir equívocos na prescrição.
Braga destacou ainda que a médica possui quase seis anos de experiência em pediatria e estava em processo de concluir o TEPE, exame exigido para a comprovação da especialidade, argumento usado para reforçar que ela não se trata de uma profissional inexperiente.
Enquanto a defesa descarta dolo e aponta fatores estruturais, a Polícia Civil segue caminho oposto. O delegado do caso já informou que apura a possibilidade de dolo eventual, afirmando haver divergências nos depoimentos entre Juliana e a técnica de enfermagem que aplicou o medicamento — o que deve levar à realização de uma acareação nos próximos dias.
A morte de Benício segue sob investigação, com análise de prontuários, sistemas internos, depoimentos e protocolos do hospital. Juliana, por ora, permanece em liberdade e amparada por decisão da Justiça, enquanto a disputa narrativa entre defesa e polícia se intensifica.


