“Ela era minha única filha, eu quero que a Justiça seja feita”, diz pai da menina morta por casal lésbico em Manaus; veja vídeo
Manaus – A dor da perda e a indignação pela forma cruel como tudo aconteceu marcaram o depoimento de Oziel Pereira, pai da menina de apenas 5 anos brutalmente assassinada em Manaus. O caso chocou a capital amazonense nesta semana e gerou forte comoção popular.
Em entrevista ao Portal e TV CM7 Brasil, Oziel relatou que já tinha conhecimento das agressões sofridas pela filha, praticadas pela mãe da criança e pela companheira dela. Segundo ele, a própria menina relatava os abusos.
“Sim, porque quando ela estava comigo, ela me falava: ‘Papai, a Rafaela me bate e a Vitória também me bate’. Ela dizia que eu não gostava delas duas. Depois disso, ela foi embora para Manaus e eu nunca mais tive contato”, contou emocionado.
Oziel morava em Fonte Boa (a 678 km de Manaus) e só veio à capital para reconhecer o corpo da filha no IML. Ele revelou que a menina era sua única filha e desabafou:
“A dor no coração agora é grande… muito grande. Quero que a Justiça seja feita. Aqui na Terra e no Céu também.”
Negligência do Estado e omissão do Conselho Tutelar
A advogada Adriane Magalhães, que representa a família ao lado do Ministério Público, afirmou que houve omissão do Estado em não retirar a criança da guarda das agressoras, mesmo após denúncias.
“Em março, o Ministério Público denunciou a genitora e a companheira dela, mas nada foi feito. Se tivessem dado atenção, essa criança estaria viva hoje. O pai e até um advogado — pai de uma amiga da vítima — denunciaram as agressões. O Conselho Tutelar foi omisso e, se for provado, responderá criminalmente”, disse.
De acordo com ela, a mãe e a companheira levavam a criança para o hospital apenas horas depois das agressões, sem acionar o SAMU. Relatos apontam ainda que a menina era castigada com golpes de ripa.
Laudo devastador
O exame do IML confirmou a brutalidade das agressões. A menina apresentava:
Crânio amassado com afundamento;
Marcas de enforcamento no pescoço;
Trauma abdominal fechado, possivelmente causado por socos;
Hematomas nas costas, braços e orelhas;
Boca e orelhas completamente roxas;
Lesões contínuas de maus-tratos.
A versão apresentada pelas acusadas — de que a criança teria caído no banheiro ou de bicicleta — foi descartada pela polícia. A bicicleta, pequena e compatível com a idade da vítima, jamais poderia causar ferimentos tão graves.
A advogada classificou o crime como tortura seguida de homicídio qualificado:
“Essas assassinas mataram a criança a sangue frio. Espero sinceramente que passem muito tempo na cadeia. Quem ama, cuida. Não tira a vida.”
Prisão das acusadas
As duas mulheres foram presas em flagrante e conduzidas à delegacia. A polícia segue reunindo provas e a investigação busca responsabilizar também os órgãos públicos que ignoraram as denúncias anteriores.
Enquanto isso, o pai, abalado, pede apenas justiça.
“Era minha única filha… Eu quero que a Justiça seja feita”, disse Oziel, em lágrimas.