Caso Kaline: vítima agredida retira acusações contra cantor de Manacapuru e deixa advogada perplexa; veja vídeo
Manaus – A promotora de eventos Kaline Milena, de 30 anos, surpreendeu a advogada Adriane Magalhães ao alterar completamente seu depoimento inicial no caso de violência doméstica envolvendo o cantor de forró Diego Damasceno, de 29 anos, em Manaus. Inicialmente, Kaline relatou ter sido brutalmente agredida pelo companheiro na noite de 6 de abril de 2025, sofrendo a quebra de três dentes. No entanto, durante a audiência de instrução e julgamento, a vítima apresentou uma nova versão, afirmando que ela própria teria iniciado o conflito ao arremessar um HD externo contra Diego, que apenas teria “revidado”. Essa mudança levou à absolvição do cantor, que foi solto nesta quarta-feira (21/5), conforme decisão judicial.
Reviravolta no caso
Em abril, Kaline denunciou Diego Damasceno à Polícia Civil do Amazonas, relatando que, após uma discussão motivada por ciúmes, o cantor a agrediu com socos no rosto e nos braços enquanto voltavam de um bar, no bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus. “Na volta pra casa, ele começou a desferir socos em mim com o carro em movimento”, contou à época, ainda abalada. A agressão resultou na fratura de três dentes, hematomas e a necessidade de pontos na boca. Kaline também revelou que não era a primeira vez que sofria violência do companheiro, citando episódios em julho e outubro de 2024, incluindo um em Manacapuru, onde perdeu outro dente.
Após o incidente, Diego, que inicialmente fugiu, enviou áudios à vítima pedindo perdão e afirmando estar “machucado” e com um dente quebrado. “Meu amor, pelo amor de Deus, me liga, nem que seja pra me xingar. Perdoe meu amor, por favor, me perdoe”, disse em uma das mensagens, mencionando que iria para Manacapuru para “colocar a cabeça no lugar”. O cantor se entregou à polícia no dia 8 de abril, acompanhado de sua advogada, Leiliane Nóbrega, após a decretação de sua prisão preventiva.
Mudança de depoimento e absolvição
A advogada Adriane Magalhães, que representava Kaline no início do processo, foi surpreendida quando a vítima a dispensou em abril, sem justificativas, e contratou dois novos advogados. “Fui pega de surpresa com o pedido de Kaline para que eu fosse retirada de sua representação, sem qualquer explicação. Desde então, não mais integrei a condução do processo”, declarou Adriane. Somente com a notícia da soltura de Diego, a advogada tomou conhecimento da nova versão apresentada por Kaline em juízo, na qual ela afirmou ter iniciado a agressão, contradizendo frontalmente o relato inicial de violência doméstica.
Além disso, Kaline requereu a revogação das medidas protetivas previamente concedidas e solicitou a paralisação do processo criminal, tanto na esfera policial quanto judicial. Segundo o Ministério Público do Amazonas (MPAM), a ausência de confirmação do depoimento inicial pela vítima, aliada à falta de testemunhas ou provas materiais, inviabilizou a continuidade do processo. “A legislação exige que a vítima confirme na audiência o que foi falado à polícia. Como ela não falou, o MPAM não poderia criar provas, porque estaria agindo contra a lei”, explicou o promotor de Justiça Davi Santana da Câmara.
A Justiça, acolhendo o parecer do MPAM, determinou a absolvição de Diego Damasceno, com a expedição imediata de um alvará de soltura. “O próprio órgão Ministerial, na condição de custod legis, entendendo pela absoluta ausência de provas, pugnou pela absolvição do réu”, destacou o despacho judicial.
Reação da advogada
Adriane Magalhães expressou perplexidade com a decisão de Kaline e reafirmou seu compromisso com a defesa das mulheres. “A verdade é clara: somente porque Kaline declarou que não havia sido agredida, é que o agressor saiu impune”, afirmou. A advogada enfatizou a importância de denunciar casos de violência doméstica desde o primeiro episódio: “Nunca deixarei de defender os direitos das mulheres, com ética, coragem e compromisso com a verdade. Não se calem. Denunciem. Confiem na Justiça do Estado do Amazonas, composta por profissionais sérios, sensíveis à dor feminina e que fazem valer a Lei Maria da Penha.”
Magalhães também deixou um recado às vítimas de violência: “Se você, mulher, estiver passando por qualquer forma de violência, saiba que não está sozinha. Estou aqui, de pé e na linha de frente, para lutar ao seu lado.”
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