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Seguindo exterior, dólar cai a R$ 3,49 sem atuação do BC

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RIO – No quarto dia seguido sem intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar comercial recuou 0,68% nesta quinta-feira, cotado a R$ 3,499 para venda. Foi o menor valor de fechamento desde o dia 14 de abril. Na mínima, a moeda atingiu R$ 3,483. Segundo analistas, os investidores estão testando a tolerância da autoridade monetária com a desvalorização da divisa americana. Mas o câmbio local acompanhou a tendência de enfraquecimento do dólar em nível global, depois de os EUA divulgarem seu crescimento mais fraco em 2 anos e terem reforçado que a elevação dos juros naquele país se dará de forma gradual.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou em queda de 0,30%, aos 54.311 pontos, recuando do maior patamar em 11 meses alcançado na véspera com o otimismo dos investidores em relação à perspectiva de mudança na política econômica.

— Não houve nenhum fato novo para pressionar o dólar dessa forma. O que está havendo é que o mercado segue sendo altamente vendedor, desfazendo todas as operações que podem, porque a previsão do dólar passou mesmo a ser de queda. Como o Banco Central não está atuando nesses últimos dias, a moeda segue caindo — disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Para a sexta-feira, porém, o BC anunciou após o fechamento do mercado que fará leilão de até 20 mil contratos de “swap cambial reverso” — que equivale à compra de aproximadamente US$ 1 bilhão no mercado futuro. Anunciou também que promoverá intervenção de US$ 2 bilhões em operação conhecida como leilão de linha, que é a venda de dólares com o compromisso de recompra no futuro.

Para Maurício Pedrosa, estrategista da Queluz Asset Management, os investidores vinham nutrindo a interpretação errada de que o BC estipulou um piso de R$ 3,50 para o dólar.

— O BC jamais vai determinar um piso para o câmbio. Essa impressão havia virado um consenso porque, há algumas semanas, o BC entrou comprando US$ 24 bilhões em apenas três dias. Só que esquece-se que ele fez isso porque as empresas estavam desmontando muito depressa suas posições naquele momento, logo havia uma necessidade de dar saída para elas. Hoje, não há mais tanta necessidade de liquidez assim, logo o BC não vê razão para atuar simplesmente por causa da cotação — avaliou.

Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, o BC não viu necessidade de intervir no câmbio por que seus esforços nas últimas semanas para segurar a queda do dólar foram muito agressivos. Em abril, segundo relatório recente do Itaú Unibanco, o BC comprou US$ 30,1 bilhões em operações de “swap cambial reverso”. Assim, seu estoque de “swap cambial” — operação que representa a venda de dólares no mercado futuro e contribui para desvalorizar o dólar — caiu de US$ 102 bilhões no fim de março para US$ 71 bilhões na semana passada.

— Do ponto de vista do BC, que quer zerar suas posições em “swap cambial”, é até interessante deixar o dólar cair um pouco mais. Isso porque ele próprio poderá comprar mais barato e desfazer seu estoque de operações de venda — disse.

Mas a desvalorização do dólar foi um movimento global hoje. A divisa caiu 1% contra uma cesta de dez divisas globais. Um dos motivos é o fato de o crescimento dos EUA ter freado com força, atingindo o ritmo mais lento em dois anos no 1º trimestre do ano. A economia sente os efeitos da fragilidade do consumo interno e do dólar mais forte, que prejudica as exportações. O Produto Interno Bruto (PIB) dos país cresceu a taxa anual de 0,5% entre janeiro e março, quando esperava-se expansão de 0,7%.

Além disso, na quarta-feira à tarde, foi o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) que manteve inalterados os juros do país e reforçar que a elevação das taxas será gradual. A decisão reforçou o bom humor nos mercados globais.

Já no Brasil, ontem à noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão era a esperada pelos economistas dos bancos, mas o comunicado do Copom veio sem as indicações de futuros cortes na Selic que muitos analistas previam.

Entre as ações brasileiras, o maior destaque foi a Vale, cujos papéis ON subiram 1,75% (R$ 19,79), e os PN, 1,83% (R$ 15,55) mas chegaram a disparar mais de 7% durante o pregão. A mineradora informou hoje que teve lucro líquido R$ 6,311 bilhões no primeiro trimestre de 2016, superando estimativa de analistas e retornando ao lucro pela primeira vez em três trimestres, com a contribuição de uma recuperação dos preços do minério de ferro e da valorização do real frente ao dólar. Em dólares, o lucro da empresa foi de US$ 1,776 bilhão, mais que o US$ 1,06 bilhão esperado pelos economistas do mercado financeiro.

Já o papel PN do Bradesco teve baixa de 2,05%, a R$ 26,22. O segundo maior banco privado do país anunciou nesta quinta que seu lucro recorrente do período somou R$ 4,113 bilhões, queda de 3,8% ante mesma etapa de 2015 e de 9,8% sobre o trimestre anterior. O número também veio abaixo da previsão média de analistas ouvido pela Reuters, de R$ 4,3 bilhões. Forte aumento nas despesas para perdas com calotes foi o principal motivo do prejuízo.

Com a queda do dólar, as empresas exportadoras foram prejudicadas. A Klabin recuou 2,47% (R$ 18,02), enquanto a Fibria recuou 4,51% (R$ 31,16).

A Petrobras registrou desempenho misto, subindo 1,27% na ação ordinária (13,57%) mas caindo 0,2% no papel preferencial (R$ 10,23).


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