Israel alerta que líder do Irã pode ter um destino igual ao de Saddam Hussein
Mundo – As tensões entre Israel e Irã alcançaram um novo patamar nesta semana, com declarações contundentes de líderes israelenses que evocam memórias de conflitos históricos e levantam temores de uma escalada no Oriente Médio. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, alertou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, de que ele poderia ter o mesmo destino do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, deposto e executado após a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. A advertência veio acompanhada de acusações de crimes de guerra e ataques com mísseis contra civis israelenses, conforme comunicado do gabinete de Katz durante uma reunião com comandantes militares e de segurança.
A referência a Saddam Hussein, que ordenou ataques com mísseis contra Israel durante a Guerra do Golfo de 1991 e foi acusado de desenvolver armas nucleares, não é mera retórica. Ela reflete a gravidade das acusações de Israel contra o Irã, que, segundo o governo israelense, representa uma ameaça existencial devido ao seu programa nuclear e apoio a grupos armados na região.
Netanyahu e a sugestão de um ataque ao líder iraniano
Na véspera, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu intensificou o tom ao sugerir, em entrevista à ABC News, que eliminar Khamenei poderia “acabar com o conflito” entre os dois países. Questionado sobre rumores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria vetado um suposto plano israelense para assassinar o líder iraniano, Netanyahu evitou detalhes, afirmando apenas que Israel “está fazendo o que precisa fazer”. Ele acusou o Irã de buscar uma “guerra eterna” e alertou que o programa nuclear iraniano poderia ameaçar não apenas Tel Aviv, mas também cidades como Nova York.
“Não vou entrar em detalhes, mas temos como alvo os principais cientistas nucleares deles. É basicamente a equipe nuclear de Hitler”, disse Netanyahu, comparando o Irã ao regime nazista. Ele defendeu que as ações de Israel são um “serviço à humanidade” e uma luta do “bem contra o mal”, agradecendo o apoio de Trump e instando os EUA a se posicionarem contra o programa nuclear iraniano.
Netanyahu também criticou supostas tentativas do Irã de retomar negociações nucleares, classificando-as como “conversas falsas” destinadas a encobrir o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos. “Eles querem continuar construindo seu arsenal enquanto mentem, trapaceiam e enganam os EUA”, afirmou, citando ataques do Irã contra a população israelense e sua influência desestabilizadora no Oriente Médio, incluindo bombardeios a campos de petróleo na Arábia Saudita e apoio ao terrorismo.
Um passado que ressoa
A menção a Saddam Hussein por Katz não é casual. O ex-ditador iraquiano foi deposto após uma campanha militar que justificava a existência de armas de destruição em massa – acusação que, anos depois, revelou-se infundada. A execução de Saddam em 2006 marcou o fim de um regime que, por décadas, desafiou potências ocidentais e Israel. Agora, as autoridades israelenses parecem usar esse precedente para enviar um recado claro a Teerã: a continuidade de ações hostis pode ter consequências drásticas.
O Irã, por sua vez, ainda não respondeu oficialmente às declarações de Katz e Netanyahu, mas a escalada retórica coincide com relatos de que o país estaria buscando diálogo para reduzir hostilidades, conforme reportado pelo Wall Street Journal. Essa aparente contradição – entre sinais de negociação e acusações de agressão – alimenta a incerteza sobre os rumos do conflito.
Riscos de uma escalada regional
As declarações de Israel ocorrem em um momento de alta tensão no Oriente Médio, com trocas de ataques entre os dois países na última semana. Netanyahu acusou o Irã de atacar deliberadamente civis israelenses e de espalhar “terrorismo, subversão e sabotagem” na região. A retórica belicosa, somada à possibilidade de ações contra figuras-chave do regime iraniano, aumenta o risco de uma escalada militar que poderia envolver outros atores regionais e globais.
Enquanto Israel reforça sua narrativa de autodefesa, a comunidade internacional observa com preocupação. A menção a cientistas nucleares iranianos como alvos prioritários remete a operações passadas atribuídas a Israel, como assassinatos seletivos, que já geraram reações do Irã. A ausência de uma resposta oficial de Teerã até o momento deixa em aberto a possibilidade de retaliações, sejam diplomáticas ou militares.
Um futuro incerto
As provocações de Israel, evocando o destino de Saddam Hussein e sugerindo ações contra o líder supremo do Irã, marcam um momento crítico nas relações entre os dois países. A retórica de Netanyahu, que apresenta o conflito como uma batalha moral entre o “bem” e o “mal”, busca apoio internacional, especialmente dos EUA, mas também polariza ainda mais a região. Enquanto o Irã mantém silêncio, o mundo aguarda os próximos passos, ciente de que qualquer movimento em falso pode transformar palavras em um conflito de proporções imprevisíveis.


