Indicada pena de morte para funcionários da Al-Jazeera
CAIRO — Um tribunal egípcio recomendou sábado a sentença de morte para seis pessoas, entre elas dois funcionários da rede de TV Al-Jazeera. Elas são acusadas de entregar documentos relacionados à segurança nacional do Catar à rede televisiva sediada em Doha, durante o governo do presidente islamita Mohammed Mursi. A pena agora vai ser remetida à autoridade religiosa superior, o Grande Mufti do Egito.
A decisão final sairá no dia de 18 de junho, quando será anunciado também um veredicto contra Mursi, deposto pelo Exército em julho de 2013, após um ano no cargo; e outros quatro acusados no caso, informou o juiz Mohammed Shirin Fahmy. Entre os outros réus estão o chefe de Gabinete do presidente e seu secretário particular.
Os dois funcionários da Al-Jazeera — o produtor de TV Alaa Omar Mohammed e o editor de notícias Ibrahim Mohamed Hilal — foram condenados à revelia, junto com Asmaa al-Khateib, que trabalha para a Rasd, uma rede de meios de comunicação acusada de ter ligações com a Irmandade Muçulmana, grupo de Mursi. Após a derrubada do presidente, a Imandaded foi proibida e declarada uma organização terrorista.
“A rede Al-Jazeera rejeita as acusações absurdas segundo as quais eles (Mohammed e Hilal) estavam colaborando com o governo eleito de Mohammed Mursi”, disse o porta-voz da Al-Jazeera num e-mail para a Associated Press.
As relações do Egito com o Catar estão tensas desde a queda de Mursi, que teria apoio daquele pequeno estado produtor de petróleo. Além disso, o Cairo acusa a cobertura noticiosa da Al-Jazeera no Egito em outras partes do Oriente Médio de favorecer grupos extremistas islâmicos.
Ano passado, o presidente Abdel-Fattah el-Sissi perdoou dois jornalistas da Al-Jazeera presos — o canadense de origem egípcia Mohamed Fahmy e o egípcio Baher Mohamed —, que tinham sido condenados a três anos de detenção por publicarem o que a corte chamou de “notícias falsas” e por realizarem uma cobertura jornalística favorável à Irmandade Muçulmana. A sentença inicial causou fortes críticas internacionais.