Hong Kong: buscas são encerradas após incêndio e número de mortos chega a 159 enquanto 31 seguem desaparecidos
Mundo – As equipes de resgate concluíram nesta quarta-feira (3) a varredura interna dos sete arranha-céus do complexo Wang Fuk Court, consumidos por um incêndio de proporções históricas na semana passada. A tragédia já deixou 159 mortos, segundo atualização da polícia local, e ainda há 31 pessoas desaparecidas.
Durante as buscas finais dentro das torres, bombeiros encontraram corpos carbonizados em escadarias e próximos ao telhado dos prédios mais afetados. Agora, o trabalho se concentra nos escombros externos, onde a expectativa é de que novas vítimas sejam localizadas. “Queremos recuperar cada corpo o mais rápido possível, para que as famílias possam se despedir pela última vez”, afirmou o comissário de polícia Chow Yat-ming.
Reformas ilegais e materiais inflamáveis agravaram a tragédia
Autoridades confirmaram que materiais fora do padrão usados em reformas no condomínio contribuíram para espalhar o fogo em velocidade incomum. Andaimes de bambu revestidos por telas verdes inflamáveis foram instalados em áreas de difícil inspeção, e a espuma isolante aplicada nas janelas também alimentou as chamas.
Moradores haviam alertado o governo em setembro de 2024 sobre o risco, mas receberam resposta de que o condomínio apresentava “baixo risco de incêndio”. Testes posteriores provaram que a tela utilizada nas obras não seguia normas de retardamento de fogo.
Além das falhas estruturais, os alarmes de incêndio do complexo não funcionaram corretamente, segundo a investigação preliminar.
Prisões e investigação independente
A polícia prendeu mais três suspeitos ligados ao caso, elevando para 18 o total de detidos. Paralelamente, o chefe do Executivo, John Lee, anunciou a criação de um comitê independente, presidido por um juiz, para apurar as causas do incêndio e a responsabilidade das reformas.
Entre as vítimas identificadas até agora, com idades entre 1 e 97 anos, estão nove trabalhadores domésticos da Indonésia e um das Filipinas.
Maior operação desde 1996
O incêndio exigiu uma operação massiva: o alerta foi elevado ao nível 5 — o máximo — e centenas de bombeiros e mais de mil policiais foram mobilizados. O fogo demorou 48 horas para ser controlado, marcando o episódio mais mortal desde 1996, quando 41 pessoas morreram em um prédio em obras.
O complexo Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, reúne cerca de 4,6 mil moradores em oito torres de mais de 30 andares cada. A rodovia Tai Po Road precisou ser fechada e linhas de ônibus foram desviadas.
Comoção e doações milionárias
A comoção tomou conta da cidade. Milhares de moradores visitam diariamente um memorial improvisado próximo às torres destruídas. As doações para sobreviventes já alcançaram 900 milhões de dólares de Hong Kong (aprox. R$ 618 milhões).
Enquanto o trabalho de resgate continua e novas vítimas podem ser encontradas, Hong Kong revive o debate sobre segurança em prédios altos e o uso, cada vez mais questionado, de andaimes de bambu nas obras urbanas.


