“Deus me deu coragem”: imigrante sírio é aclamado como herói após desarmar atirador em Bondi
Mundo — Quando Ahmed al-Ahmed correu em direção a um suposto atirador e tomou sua arma durante o ataque na praia de Bondi, ele não pensou em heroísmo, fama ou reconhecimento. Pensou apenas que não conseguiria suportar ver pessoas morrendo, contou seu primo Mustafa al-Asaad.
Menos de 24 horas após o ataque, al-Ahmed, de 43 anos, pai de duas meninas, permanece em estado crítico, porém estável, no hospital St. George, em Sydney. Ainda assim, sua atitude já o transformou em um símbolo de coragem em meio à tragédia que chocou a Austrália.
Desde a noite de domingo (14), ele foi publicamente elogiado pelo primeiro-ministro Anthony Albanese, pelo premiê de Nova Gales do Sul, Chris Minns, e até pelo presidente dos Estados Unidos, sendo chamado de herói por autoridades e pela população.
Durante coletiva de imprensa na segunda-feira (15), Albanese destacou o gesto de al-Ahmed como exemplo de união nacional.
“Ahmed al-Ahmed tirou a arma do agressor, correndo grande risco para si próprio, e sofreu ferimentos graves em consequência disso”, afirmou o primeiro-ministro. “Ele representa o melhor dos australianos.”
O premiê estadual Chris Minns visitou o ferido no hospital e o definiu como um “herói da vida real. Sua bravura incrível salvou inúmeras vidas. Não há dúvida de que mais pessoas teriam morrido sem sua coragem altruísta.”, escreveu Minns nas redes sociais.
O ataque ocorreu durante uma celebração judaica de Hanukkah, deixando ao menos 16 mortos, incluindo um dos supostos atiradores. Imagens que circularam pelo mundo mostram al-Ahmed correndo em direção ao agressor, saltando sobre ele e arrancando a arma de suas mãos, em uma cena descrita por testemunhas como desesperada e decisiva.
Segundo a família, al-Ahmed passou pela primeira cirurgia e ainda deve enfrentar outras duas. “Ele tomou muitos medicamentos e não consegue falar direito”, disse um primo após deixar o hospital.
Para Mustafa al-Asaad, no entanto, não há dúvidas sobre a motivação do ato.
“Foi um ato humanitário, acima de tudo. Uma questão de consciência”, afirmou à emissora Al Araby. “Quando ele viu pessoas morrendo, famílias sendo baleadas, não conseguiu ficar parado.”
Mustafa contou que o primo lhe disse: “Eu não suportaria ver isso. Deus me deu forças. Acreditei que podia impedir aquela pessoa de matar mais gente”. Segundo ele, al-Ahmed está orgulhoso de ter salvado ao menos uma vida e não se arrepende.
Cidadão australiano de origem síria, natural da cidade de Idlib, al-Ahmed vive na Austrália desde 2006. Seus pais, Mohamed Fateh al-Ahmed e Malakeh Hasan al-Ahmed, chegaram a Sydney apenas alguns meses atrás. À ABC News, o pai afirmou que o filho foi atingido quatro a cinco vezes no ombro.
“Meu filho é um herói”, disse. “Ele serviu na polícia e sempre teve paixão por proteger as pessoas.”
A mãe contou que chorou ao receber a notícia de que ele havia sido baleado.
“Ele viu as pessoas perdendo a vida. Quando o atirador ficou sem munição, ele tomou a arma, mas acabou sendo atingido”, relatou. “Oramos para que Deus o salve.”
A diretora de comunicação da Associação Australianos pela Síria, Lubaba Alhmidi AlKahil, visitou al-Ahmed no hospital e foi direta:
“O que ele fez é coisa de super-herói.”
Veja vídeo:
