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Com 4 mil para triagem de refugiados, UE corre contra tempo para acordo

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ATENAS e BRUXELAS – País mais afetado pelo fluxo incontrolável de migrantes e refugiados em busca de entrada no continente europeu, a Grécia apelou a seus parceiros regionais para implementar o acordo migratório recentemente acordado com a Turquia. Por sua vez, a União Europeia (UE) anunciou que designará quatro mil funcionários para ir às ilhas gregas nas próximas semanas a fim de resgatar e deportar quem tenta atravessar a partir da Turquia. O bloco tem até a próxima sexta-feira para concluir os termos do pacto.

Funcionários do Ministério do Interior turco foram ontem à Grécia para ajudar a implementar o acordo em Lesbos, ilha grega que concentra o maior número de chegada de refugiados através da costa turca, pelo Mar Egeu. No mesmo dia, no entanto, mais de 1.700 pessoas conseguiram atravessar rumo ao país que serve de porta de entrada para a Europa.

— Precisamos nos mover muito rapidamente e de forma coordenada para conseguir os melhores resultados. A assistência de recursos humanos deve vir rapidamente — avaliou o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após se encontrar com o comissário de Migração da UE, Dimitris Avramopoulos.

O comissário adiantou que França, Alemanha e Holanda já acertaram sua logística e o envio de pessoal às ilhas gregas para as próximas semanas.

— A forma como lidamos com a crise de refugiados para a Europa, como um todo, depende do progresso e do sucesso deste pacto. Estamos diante de um ponto crucial — afirmou.

Com o acordo — que prevê a troca de cada sírio que chegou ilegalmente à Europa por um outro que esteja aguardando na Turquia — começa a valer um sistema onde todos os chegados à Grécia a partir do último domingo sejam levados para centros migratórios. Na prática, eles servem para deter os novos refugiados que chegam, já que o país não tem conseguido processar as demandas de asilo dos mais de um milhão que entraram desde 2015.

Segundo as autoridades gregas, somente na parte continental do país, para onde os migrantes estão sendo levados após a chegada, centenas de vagas de abrigo têm sido abertas diariamente — principalmente em bases inutilizadas das Forças Armadas.

— Estamos criando de 500 a mil lugares todo dia. Já chegamos a 36 mil — disse o ministro de Migração, Ioannis Mouzalas.

Como moeda de troca pelo apoio da Turquia à integração de refugiados, a União Europeia se compromete a um apoio financeiro de € 6 bilhões, a facilitar vistos de entrada de turcos no continente e a acelerar discussões sobre uma possível adesão ao bloco. Como ainda não há definição logística esmiuçada, o tom das autoridades voltou a ser de preocupação em acertar os termos detalhados de como realocar os refugiados.

— Estamos conscientes das dificuldade. Estamos trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana, para garantir que tudo esteja organizado para implementarmos logo o pacto — disse em Bruxelas Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia.

Ontem, uma primeira leva de 150 migrantes paquistaneses e bengaleses foi levada a Atenas para iniciar o processo de avaliação — que poderia acarretar sua deportação, caso sejam considerados inelegíveis para receber asilo na Europa. Durante a madrugada, um grupo de 700 sírios que foram interceptados pela Guarda Costeira não parecia ciente de que as regras de acolhimento mudaram.

— Estamos muito cansados. Quero ir para a minha família na Suécia. Não sabemos de acordo algum, viemos direto da Síria. Todo mundo quer ir à fronteira. Estamos sem eletricidade, sem nada — lamentou Ahmet Bayraktar, contador que saiu de Aleppo.

Críticas por veto

Outros 47 mil imigrantes retidos na fronteira com a Macedônia, entre eles sírios, continuam sem destino definido. Enquanto o continente tenta resolver o que fazer com os que já chegaram antes da vigência do pacto, a Áustria propôs o envio de militares para assegurar um melhor patrulhamento das fronteiras marítimas.

— No passado, a Frontex (a agência europeia de fronteiras) era responsável por assegurar a segurança, mas ela é muito lenta. Sugerimos soluções conjuntas com os ministros de Relações Exteriores e de Interior — disse o ministro da Defesa, Hans Peter Doskozil.

Enquanto autoridades se apressam para fazer valer os termos do plano, organizações de direitos humanos criticaram os esforços em barrar os migrantes, destacando que a medida violaria leis internacionais de proteção a refugiados.

— A Turquia não oferece proteção adequada a ninguém — criticou Iverna McGowan, chefe do setor europeu da Anistia Internacional.





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