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Busca por vices agita eleições americanas

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WASHINGTON — A semanas das convenções republicana e democrata, os partidos americanos correm para confirmar os nomes dos candidatos a vice-presidente que vão compor as chapas de Donald Trump e Hillary Clinton. Se a escolha já era um xadrez político em outras eleições presidenciais, agora ganha importância, devido à disputa atípica: pela primeira vez os dois candidatos contam, cada, com mais de 50% de rejeição. Os vices, neste ano, terão desafios extras para viabilizar o caminho à Casa Branca, que será decidido em novembro.

— Esta é uma eleição diferente, ambos os candidatos enfrentam níveis recordes de rejeição e uma nova estratégia de comunicação provocada por Trump (que faz ataques pessoais acima da média das disputas eleitorais americanas). O vice-presidente precisará reduzir os pontos negativos dos candidatos, unir os partidos e terá um peso eleitoral muito maior que o tradicional — afirmou ao GLOBO a professora Beatriz Cuartas, diretora da Universidade George Washington. — Além disso, os eleitores estão rejeitando, como nunca, os políticos tradicionais. Muitos afirmam que eles não trabalham em prol do povo.

Para os republicanos, o grande desafio é unir o partido — devastado pelas posições de Trump, consideradas populistas e contra a agenda tradicional da sigla. É preciso, também, encontrar alguém que funcione como antídoto às suas declarações polêmicas, que afastam as minorias. Já os democratas buscam um nome que mobilize os movimentos de esquerda, que apoiaram nas primárias o senador Bernie Sanders, sem afastar de Hillary Clinton o eleitorado moderado, e até de direita, que deve optar pela democrata por não concordar com o bilionário na cabeça de chapa republicana.

Um pequeno grupo de caciques partidários, conselheiros e advogados faz uma varredura na vida do potencial vice, levando em conta ainda familiares e a “química” com o candidato. Em um país onde a eleição tem ares de show, a forma de divulgar o companheiro de chapa leva em conta impactos midiáticos e consequências eleitorais: o vazamento dos nomes antes da hora pode pôr a perder todo o planejamento. Mas a grande imprensa já faz suas apostas.

Republicanos estão correndo contra o tempo, pois a convenção do partido ocorrerá em Cleveland (Ohio) entre os dias 18 e 21 de julho. Alguns nomes se repetem nos diversos meios de comunicação, embora, em alguns casos, sejam classificados como “favoritos” e, em outros, “carta fora do baralho”. Estão nas listas Newt Gingrich, presidente da Câmara dos Representantes entre 1995 e 1999; Chris Christie, o governador de Nova Jersey que passou de oponente a apoiador de Trump nas primárias; Jeff Sessions, o primeiro senador a apoiar o magnata; e seu colega Bob Corker, do Tennessee.

Possibilidade de chapa 100% feminina

Há ainda outros quatro governadores citados nas listas de possível número 2 de Trump: Rick Scott, da Flórida; Mike Pence, de Indiana; e duas mulheres, que ajudariam no eleitorado feminino — majoritariamente contrário a Trump por suas declarações sexistas — Mary Fallin, de Oklahoma, e Susan Martinez, do Novo México, que ainda poderia reduzir a rejeição dos latinos. Ben Carson, o ex-neurocirurgião que concorreu pela nomeação com Trump, também aparece em alguns jornais. Mas a escolha tem de passar pelo crivo pessoal do candidato, o que pode indicar surpresas de última hora.

— Muitos líderes do partido não apoiam integralmente Trump por seu comportamento, e ter um vice-presidente mais tradicional, com força dentro da legenda e experiência em governar pode ajudá-lo a conquistar os republicanos — disse o professor Seth Masket, da Universidade de Denver. — E, possivelmente, Trump está pensando num nome que possa torná-lo mais acessível a grupos importantes de eleitores, como mulheres e latinos.

Entre os democratas, que realizam convenção entre 25 e 28 de julho, em Filadélfia, as dúvidas continuam. Nesta segunda-feira, Hillary fez campanha em Ohio com a senadora Elizabeth Warren, evento visto como um teste. Se confirmada, a primeira mulher disputando a Casa Branca por um grande partido teria uma chapa 100% feminina, reforçando a mensagem a um eleitorado importante — o que mais vai às urnas num país onde o voto não é obrigatório. De esquerda, ela conseguiria atrair parte da base que ficou com Sanders. A senadora ainda é das pessoas que mais atacam diretamente Trump.

Mas a lista democrata ainda tem os senadores Tim Kaine (Virgínia) e Sherrod Brown (Ohio), de dois estados cruciais para a vitória em novembro. Há três latinos nas apostas: Julián Castro, secretário de Habitação de Obama; seu colega Thomas Perez (secretário de Trabalho); e o deputado Xavier Becerra (Califórnia). Outra opção seria reforçar a força que os Clinton tem com os negros, chamando o senador Cory Booker (Nova Jersey) ou o ex-governador Deval Patrick (Massachusetts).

Mas Hillary enfrenta desafios. Segundo a revista “The Atlantic”, o partido está pressionando para que ela não escolha um senador de um estado nas mãos dos republicanos, pois o governador indicaria o substituto no Congresso — não há suplentes nos EUA — o que diminuiria as chances de os democratas reconquistarem o Senado, hoje dominado pela oposição. “Warren, Brown e Booker são de estados com governadores republicanos, o que significa que um governo de Hillary poderia perder um senador democrata nos primeiros meses cruciais de seu mandato”, afirmou a revista.


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