Vendaval com rajadas de até 100 km/h causa destruição em SP: apartamentos, fábricas e milhares sem energia; veja vídeo
Brasil – O vendaval que atingiu o estado de São Paulo entre domingo (21) e segunda-feira (22) provocou uma onda de destruição em diversas cidades, com rajadas de vento que ultrapassaram os 99 km/h, segundo a Defesa Civil. O fenômeno deixou oito pessoas feridas, 12 desalojadas e mais de 544 mil imóveis sem energia elétrica em todo o estado.
Na capital paulista, a tempestade arrancou vidraças de prédios, derrubou árvores e interditou ruas inteiras. Em bairros como Higienópolis e Perdizes, moradores relataram cenas de pânico com telhados desabando e árvores centenárias tombando sobre casas, carros e redes de energia. “O dano todo aqui foi causado em um minuto e meio. Nunca vi nada parecido”, contou Ricardo Gonschior, que teve parte da casa destruída pela ventania.
Apartamento de maquiador destruído
Entre os atingidos está o maquiador Henrique Martins, que divulgou nas redes sociais vídeos mostrando os estragos em seu apartamento no centro da capital. As imagens, registradas por seu irmão, mostram o momento em que a força do vento estoura as janelas e a água invade o imóvel.
Apesar do susto, ninguém se feriu. Segundo Henrique, o revestimento de película nos vidros evitou danos mais graves. Ele, que estava em viagem ao Rio de Janeiro durante o temporal, relatou a angústia ao receber a notícia à distância. Uma de suas gatas chegou a desaparecer após o incidente, mas foi encontrada escondida dentro do apartamento.
“Bens materiais a gente recupera”, afirmou. Ao retornar para casa, o maquiador mostrou os prejuízos: vidros quebrados, móveis revirados, quadros destruídos e até o piso e as paredes de madeira comprometidos. Um galho de árvore arremessado pelo vento teria provocado a quebra das janelas.
Fábrica da Toyota paralisada
No interior, o cenário também foi de caos. Em Porto Feliz, funcionários da fábrica de motores da Toyota — a única da América Latina — se esconderam atrás de máquinas quando a ventania arrancou todo o telhado da unidade. Placas de zinco foram arremessadas a quilômetros de distância, atingindo plantações e rodovias. Pelo menos sete veículos estacionados no local foram destruídos.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Itu, 30 funcionários tiveram ferimentos leves e já receberam alta. Com os estragos, a Toyota suspendeu as atividades em Porto Feliz e, em consequência, paralisou os três turnos da montadora em Sorocaba por tempo indeterminado.
Meteorologistas que analisaram as imagens classificaram o fenômeno como um tornado de categoria F2. A Defesa Civil, no entanto, descartou a hipótese, atribuindo os ventos extremos a uma frente fria após dias de calor intenso.
Despreparo diante das tempestades
Especialistas ouvidos pela imprensa apontam que temporais como o registrado nesta semana devem se tornar cada vez mais frequentes na capital paulista, mas a cidade segue sem políticas públicas eficazes para lidar com os impactos.
Problemas crônicos na arborização urbana, como podas irregulares e raízes comprometidas pelo asfalto e concreto, têm agravado a queda de árvores em dias de tempestade. “Precisamos urgentemente de um plano preventivo de manejo das árvores. Hoje a cidade atua apenas de forma emergencial”, critica o professor Giuliano Locosselli, da USP.
Enquanto a reconstrução começa, milhares de famílias seguem sem energia elétrica, ruas continuam interditadas e cidades como Porto Feliz permanecem em estado de emergência. O episódio expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade da infraestrutura paulista diante de eventos climáticos cada vez mais severos.