Sob tensão, Planalto só deve se posicionar após manifestação de Delcídio
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff (PT) se reuniu nesta quinta-feira com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (AGU), e o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo. Eles almoçaram na própria sala da presidente, no segundo andar no Palácio do Planalto. Segundo relatos, o clima é de apreensão, mas a resposta do governo ao teor da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), só deverá vir após um posicionamento do próprio Delcídio, que deve soltar uma nota desmentindo a delação. O governo espera esses desdobramentos para se posicionar.
Pouco antes de se encontrar com Dilma, Jaques Wagner leu a matéria da “IstoÉ” e foi conversar com o ministro Edinho Silva (Comunicação Social). Em seguida, foi para a sala da presidente.
O que se fala no Planalto, neste momento, é que a delação ainda não foi homologada mas que, se confirmado o teor, poderia ser um “desabafo” do senador, que teve pouco apoio do governo enquanto ficou preso e teria resolvido falar tudo o que sabe. Esses relatos seguem o tom da fala do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que afirmou que Delcídio tenta “retaliar” o governo e que ele não tem “credibilidade”.
Ao ser informada sobre a possível delação, Dilma teve uma reação “bastante enfática”, relataram assessores palacianos, refutando fatos que considera “inverdades”. Na reunião com Dilma, ministros e assessores avaliam a materialidade dos fatos. Há uma preocupação do governo com o uso político que se faz dos vazamentos de delações, e alguns ministros da cúpula do Planalto avaliam que a fala de Delcídio seria um instrumento para escapar da prisão.
Auxiliares de Dilma afirmam que a divulgação da delação foi um “barulho grande”, por ter envolvido a presidente, Lula, Cardozo e até o novo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro. A defesa do Planalto está sendo alinhavada em reunião no gabinete da presidente, que entrou em reunião logo após o fim da posse tripla (Justiça, AGU e CGU) e depois de receber rapidamente ginastas olímpicos no palácio.
Por enquanto, a linha de defesa é que a delação não foi confirmada pela defesa do ex-líder do governo no Senado , ou homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Seguindo a fala de Cardozo após sua posse como advogado geral da União, que afirmou que Delcídio não tem “credibilidade” e “não tem primado por dizer a verdade”, o Planalto ainda não se manifesta, mas espera que a credibilidade da delação caia por terra com o avançar do dia. O compasso é de espera e alerta.


