PT perde um terço dos prefeitos eleitos em 2012 no estado de São Paulo
SÃO PAULO. O PT perdeu um terço dos prefeitos que havia elegido em 2012 no estado de São Paulo. Com as trocas de partido registradas nos últimos dias, o total de chefes de executivos municipais que abandonaram a legenda chegou a 24, de acordo com a Direção Estadual. O prazo final para mudança de sigla para quem pretende disputar as eleições municipais deste ano se encerrou no último sábado.
Os petistas reconhecem que o desgaste provocado pelo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e pela citação ao partido na operação Lava-Jato provocou o êxodo.
— Diante do desgaste do PT, está dentro do que a gente esperava — afirmou o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza.
Em 2012, o partido havia elegido 72 prefeitos no maior estado do país. Com as baixas, agora são apenas 48 cidades administradas pela legenda em São Paulo. Até agosto do ano passado, o partido já havia perdido 18 chefes de executivos municipais. De lá para cá, foram mais seis baixas. Nos últimos dias,quem deixou a legenda, por exemplo, foi o prefeito Hamilton Foz, de Promissão, de 38 mil habitantes.
Ainda de acordo com a direção estadual, apenas um prefeito de cidade grande, Jorge Lapas, de Osasco, abandonou o partido.
Lapas, que se filiou ao PDT para disputar a reeleição, havia anunciado a sua saída na semana passada. Osasco, de 660 mil habitantes, faz parte do cinturão vermelho, grupo de cidades da região metropolitana de São Paulo administradas pelo partido.
Em carta endereçada à população da cidade, Lapas citou como justificativa para a sua decisão os problemas nacionais e também divergências locais. “O interesse coletivo e tudo que estamos construindo até aqui está ameaçado. Como se não bastasse o momento delicado pelo qual o PT está passando no cenário nacional, no âmbito municipal a legenda vem se deixando levar por visões e interesses individuais, que dividem o partido e promovem um clima de insegurança e instabilidade em nossos aliados”, disse o prefeito, que estava há 11 anos no PT.
Apesar de não ter sido explícito, os problemas locais mencionados por Lapas são atribuídos ao ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, condenado no mensalão. Cunha, que fez carreira política na cidade, estaria articulando para a base petista boicotar Lapas e apoiar um candidato de outro partido na eleição deste ano. Em 2012, o ex-presidente da Câmara chegou a se candidatar a prefeito, mas foi obrigado a abandonar a disputa por causa do andamento do julgamento do mensalão. Lapas assumiu a cabeça da chapa em seu lugar.