PM e manifestantes entram em confronto após ocupação de escritório da Presidência em SP
SÃO PAULO. Policiais militares e manifestantes entraram em confronto, na tarde desta quarta-feira, na Avenida Paulista, após o prédio onde fica o escritório da Presidência da República em São Paulo ser ocupado.
Cerca de 300 manifestantes, de acordo com a Frente Povo Sem Medo, entraram no prédio por volta das 15h. Segundo testemunhas, a confusão começou por volta das 16h30, no lado de fora do edifício, quando um dos manifestantes soltou um rojão e foi detido. Em seguida, um grupo cercou os policiais, que reagiram com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os PMs também usaram cassetetes para dispersar o grupo. Os manifestantes responderam atirando lixo e tijolos na direção dos policiais. Cinco pessoas foram detidas.
Uma base da PM foi danificada no confronto. Lixo e pedaços de tijolos ficaram espalhados pela avenida. O quarteirão foi isolado pela polícia.
A ocupação do hall do prédio da Presidência continua. Os manifestantes não conseguiram chegar até o escritório da Presidência, que fica no 17º andar. O grupo protesta contra os cortes no programa Minha Casa Minha Vida e montou um acampamento na avenida. Além disso, segundo Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, o protesto também é uma resposta à repressão da Polícia Militar no ato em frente à casa do presidente interino Michel Temer. no último dia 23.
– É um absurdo o que a PM fez aqui. O acampamento está montado e vai ficar aqui por tempo indeterminado. Se eles quiserem tirar, que tirem à força e arquem com o ônus. Não vamos arredar pé – disse Boulos.
O líder dos sem teto afirmou ainda que a ideia é ficar na Paulista até que o governo Temer reveja a decisão de cancelar a contratação de 11.250 unidades do Minha Casa Minha Vida, que havia sido anunciada pela presidente Dilma Rousseff dias antes de ser afastada do cargo.
No começo da noite, milhares de mulheres que participavam de um ato contra o estupro coletivo da jovem de 16 anos, no Rio, passaram pelo local e se solidarizaram com os integrantes da Frente da Povo Sem Medo. As mulheres também carregavam faixas e gritavam palavras de ordem contra Temer. Depois de alguns minutos, elas deixaram o local.
A Frente Povo Sem Medo reúne entidades do movimento social, dentre elas o MTST, a União da Juventude Socialista (UJS) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). No início da semana, alegando restrições orçamentárias, o governo de Michel Temer decidiu acabar com os subsídios concedidos aos mutuários mais pobres do Minha Casa Minha Vida. (*estagiário com supervisão de Flávio Freire)