Planalto comemora, mas critica atraso em afastar Cunha
BRASÍLIA – A despeito de comemorar, o Planalto criticou a demora no afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato de deputado federal – e, por tabela, da presidência da Casa – determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. Cunha autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e conduziu todo o processo na Câmara, cujo plenário votou pelo impedimento de Dilma no último dia 17.
A avaliação de auxiliares da presidente é que “a Justiça tarda, mas não falha”, mas essa demora trouxe prejuízos. Auxiliares da presidente insinuam que a decisão veio tarde demais, e só aconteceu depois que Cunha “já cumpriu seu papel” de dar seguimento ao processo de impeachment, que foi da Câmara para o Senado no último dia 18, há 17 dias.
— Ele já cumpriu seu papel, agora pode ser descartado — ironizou um assessor.
Interlocutores de Dilma argumentam que os motivos levados em conta pelo ministro Teori já existiam desde dezembro, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido o afastamento de Cunha, com vistas a preservar as investigações contra o parlamentar.
— A saída de Cunha cumpre a função de limpar a cena do crime, para deixar o golpe mais arrumado. A decisão é boa, mas tardia — diz um auxiliar.
Mesmo que no Planalto seja avaliado que o afastamento de Dilma é iminente, o afastamento de Cunha nesta quinta faz a tese do governo ganhar força. Em discursos, Dilma critica com mais frequência e intensidade Eduardo Cunha do que o vice-presidente Michel Temer, que assumirá a Presidência caso Dilma seja afastada pelo Senado.
Nesta quinta-feira, na comissão especial do impeachment no Senado, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que a decisão de Zavascki é uma prova de que Cunha usou o impeachment de Dilma Rousseff em benefício próprio.