Para governo, pedido de prisão de Lula ‘beira o ridículo’
BRASÍLIA – Assessores do Palácio do Planalto que leram a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP) de São Paulo contra o ex-presidente Lula, em que é pedida a decretação de prisão preventiva do petista, dizem que ela é “ridícula” e “inconsistente”. Segundo interlocutores, há um certo clima de alívio no governo, tamanha a fragilidade das acusações ao petista.
– Quem leu a denúncia quase deu risada. É uma denúncia absolutamente inconsistente, e o pedido de prisão beira o ridículo – contou um assessor governista.
Segundo esse mesmo interlocutor, o ex-presidente continua pensando sobre a possibilidade de assumir um ministério. Lula é pressionado a assumir um cargo no governo porque escaparia de um eventual julgamento pelo juiz Sérgio Moro e seria julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), considerado um cenário mais favorável do que enfrentar o juiz da Lava-Jato.
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), estava com o ex-presidente Lula, em São Paulo, quando ele foi informado do pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público. Humberto Costa disse que Lula reagiu com “total tranquilidade”. O senador classificou de “absurda” e uma “ação midiática” a atuação do Ministério Público de São Paulo. Para o senador petista, foi algo dirigido.
O presidente do PT, Rui Falcão, estava na reunião com o ex-presidente e disse que Lula está tranquilo. Falcão chamou classificou o pedido de prisão preventiva de Lula de tresloucado. Alguns petistas já haviam chamado a atitude dos promotores de irresponsável. Movimentos sociais acusaram o MP de São Paulo de “incitar ódio” e de provocar a militância às vésperas das manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao comentar a solicitação do MP, a oposição se manifestou com cautela.
Nesta quinta-feira, o MP de São Paulo pediu a prisão preventiva de Lula no processo que investiga a suspeita de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica relacionados ao tríplex 164-A do Edifício Solaris, no Guarujá (SP). Lula enfrenta também a investigação por parte do Ministério Público do Paraná, que motivou a condução coercitiva na semana passada. O pedido de prisão foi fortemente criticado por deputados petistas, que chamaram os promotores de “irresponsáveis” e com motivações “claramente ideológicas e políticas”. O PSDB, principal partido de oposição, reagiu com cautela. Na avaliação da cúpula do partido, pedir a prisão de um ex-presidente da República ainda na fase inicial de investigação seria uma medida extrema.