Brasília Amapá Roraima Pará |
Manaus
Web Stories STORIES
Brasília Amapá Roraima Pará

Ordem para pagar dívida do PT foi do presidente da Petrobras, diz Cerveró

Compartilhe

SÃO PAULO — O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que recebeu do então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a incumbência de usar um contrato da Petrobras para quitar uma dívida de R$ 50 milhões do PT da campanha de 2006. Cerveró prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro na tarde desta segunda-feira, o primeiro depois de ter assinado acordo de delação premiada.

Cerveró afirmou ter procurado Gabrielli porque estava sendo pressionado pelo então ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau a conseguir dinheiro para liquidar uma dívida de campanha do PMDB, entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Ao expor o problema, no entanto, Gabrielli teria dito: “Vou te fazer uma proposta. Você deixa que eu resolvo o problema do Silas e você resolve o problema do PT. O PT tem uma dívida de R$ 50 milhões, decorrente da campanha, com o Banco Schahin, que precisa ser resolvida”.

Cerveró afirmou que já havia sido procurado pela Schahin, que estava interessada em operar sondas para a Petrobras em águas profundas, e viu no contrato de operação da sonda Vitória 10000 a possibilidade de resolver o problema do PT. Ao juiz, contou que chamou Fernando Schahin, diretor do grupo, para conversar e disse a ele que, para chegar a um acordo, a condição seria resolver a dívida do PT com o Banco Schahin.

— Em dois ou três dias, o Gabrielli me ligou no telefone direto. Disse: “Nestor, aquela pendencia que você me falou foi resolvida, pode tocar o barco”. Significava que tinha acertado a dívida — disse Cerveró, informando que a conversa ocorreu entre dezembro e janeiro de 2007.

A partir do sinal verde de Gabrielli, Cerveró disse ter delegado a sequência da documentação a seus subordinados e avisou que não teria propina porque o valor seria o destinado ao PT.

Cerveró depôs no processo em que é réu José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, que admitiu ter retirado em seu nome, no Banco Schahin, um empréstimo de R$ 12,1 milhões. Esse valor foi quitado fraudulentamente quando o grupo Schahin obteve o contrato para operar a sonda Vitória 10000, no valor de US$ 1,6 bilhão.

Cerveró deixou a Petrobras em maio de 2007. Segundo ele, o então ministro Edison Lobão lhe disse em março daquele ano que o presidente Lula afirmara que “não havia jeito” e que teria de substituí-lo para atender a bancada do PMDB, que queria o cargo para votar a CPMF.

O ex-diretor da Petrobras contou que em março houve uma reunião do Conselho da Petrobras e da BR Distribuidora, com a participação da então ministra Dilma Rousseff. O mesmo conselho que o retirou da diretoria internacional da Petrobras o indicou para a BR Distribuidora. Cerveró afirmou que José Eduardo Dutra, que era presidente da BR, simplesmente passou em sua sala e disse: “Vamos embora nós, temos que ir para a BR, você é meu novo diretor financeiro da BR”

Segundo Cerveró, Dutra lhe contou que Lula havia dito: “O Nestor não pode ficar no sereno”. Para o delator, era uma espécie de reconhecimento por ter resolvido a dívida do PT.

O ex-diretor da Petrobras afirmou ter ouvido do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, na época, que o pecuarista José Carlos Bumlai tinha interesse que a dívida fosse resolvida. Cerveró disse que compartilhou cela com Bumlai, a quem foi apresentado pelo próprio Fernando Baiano na época do empréstimo.

Se considerado que o Grupo Schahin pode ter atendido integralmente o pedido de Cerveró, falta ainda identificar como o banco fez o pagamento da diferença, cerca de R$ 38 milhões. A Lava-Jato ainda não identificou se a diferença correspondia a juros da dívida, que havia sido contraída em 2004, ou se podem ter ocorrido outros empréstimos do banco Schahin ao PT.

José Sérgio Gabrielli não foi localizado pelo GLOBO.

CERVERÓ REAFIRMA PROPINA A RENAN

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró citou uma propina de 6 milhões de dólares para o presidente do Senado Renan Calheiros paga pelo operador Jorge Luz em relação à sonda Petrobras 10000. A resposta ocorreu em pergunta do advogado de Fernando Schahin e foi interrompida por Moro neste momento, já que o senador tem foro privilegiado e o depoimento estava vinculado a outro processo, que investiga o acordo entre a Petrobras e o Banco Schahin para a operação do navio-sonda Vitória 10000 como forma de quitação de um empréstimo de José Carlos Bumlai para o PT.

Cerveró já havia afirmado à Procuradoria-Geral da República, em delação premiada já homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, que Renan Calheiros (PMDB-AL) e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) teriam sido os destinatários da quantia.


Banner FIGA2025

Banner Rodrigo Colchões

Banner 1 - Portal CM7 Siga-nos no Google News Portal CM7



Carregar mais