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No plenário, Cunha reage a adversários com caras, bocas e indiferença

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BRASÍLIA — O gestual, em especial as caras e bocas, do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é uma marca diferente na condução do peemedebista das sessões no plenário. O comportamento de Cunha, quando atacado por seus opositores, já integra o folclore e a crônica dos deputados no dia a dia. Se na tribuna, à direita de Cunha, há um orador o criticando, apontando o dedo para ele e acusando de estar no lugar indevido, o presidente não se faz de rogado: ele olha para a esquerda, mão no queixo e faz cara de paisagem. Ignora, à sua moda, seus algozes.

Ao ser alvo de ataques, Cunha apresenta um cartel de gestos que demonstram sua indiferença, ao menos aparente, nessa situação: além de olhar para o lado, passa a usar as redes sociais no celular ou puxa conversa com o secretário-geral da Mesa, Silvio Avelino, que senta a seu lado.

Eduardo Cunha demonstra frieza nesses momentos. Nunca reagiu a esses ataques. Logo que se encerra o discurso de um parlamentar que o ataca, ele imediatamente segue a pauta e não faz qualquer comentário. O peemedebista também não deixa margem para ser flagrado conversando algo indevido com seus aliados que, a todo momento, sobem à Mesa, onde preside a sessão, e puxam um diálogo. Cunha, num proceder automático, tapa a boca com uma das mãos, como se tivesse cochichando com o interlocutor. É o receio de ser alvo de uma leitura labial.

Outro cuidado tomado por Cunha, quando alguém se aproxima para conversar, é, também de imediato, afastar de perto de si o microfone que usa para presidir os trabalhos. Era comum, antes de sua ascensão à Presidência, captar as conversas paralelas dos presidentes durante uma sessão. Com Cunha, isso não tem chance de ocorrer.

O peemedebista tomou outro cuidado e fechou setores das duas extremidades da galeria, o local acima do plenário onde as pessoas assistem às sessões, de onde era possível, por exemplo, fotografar Cunha utilizando seu celular. Seguranças e cones impedem o acesso de fotógrafos e jornalistas a esses cantos.

Na presidência de uma sessão, Cunha tem ouvido xingamentos, principalmente de deputados do PT, do PSOL e da Rede. E não move uma palha. Na sessão que aprovou a abertura de impeachment de Dilma, foi chamado de gângster pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Nos últimos dias, aprovado o impeachment, virou alvo de duros ataques de petistas. Na sessão desta semana, Henrique Fontana (PT-RS) chamou Cunha de “corrupto” pelo menos seis vezes numa votação noturna.

Na semana passada, durante a votação da criação da Comissão da Mulher, uma sessão que irritou a bancada feminina, Cunha se viu cercado de deputadas que questionavam sua atitude. Em pé ao lado do presidente da Câmara e com o dedo em riste, Moema Gramacho (PT-BA) acusou Cunha de promover um “golpe”. Foi ignorada. Cunha, coma mão no queixo e o olhar desviado, fingiu nem ouvir.

Chico Alencar (PSOL-RJ) considera desrespeito a indiferença de Cunha ao dar às costas a um orador:

— O presidente Eduardo Cunha, além de ser o presidente da Câmara mais acusado da história do Parlamento, já é também o mais deselegante. Qualquer deputado, que ele sabe que já é crítico, ele vira a cadeira e dá de costas, de forma ostensiva. Ele já tem até seu ritual: ou olha para o painel do lado oposto, para ver se os minutos passam rápido, ou para conversar com o Silvio, e ainda utiliza o expediente de ficar mexendo no celular — disse Chico Alencar, que completou:

— O presidente Cunha faz questão de mostrar desprezo e descaso, de forma acintosa.

Aliado de Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS) diz que os recursos utilizados pelo presidente da Câmara são a maneira que ele tem para se defender dos duros ataques que recebe.

— O fato de ele desviar o olhar é o modo de manter seu controle. Há uma agressividade cada vez maior contra ele. Vide a votação do impeachment. A oposição faz, cada vez mais, ataques mais duros a ele. Agora, tapar a boca para conversar é uma maneira de assegurar sua privacidade. Não deve ser fácil —disse Marun, que concluiu:

— Agora, ele mantém bem o controle. Da forma dura como é atacado. Se fosse eu…


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