Mulheres Silenciadas: As heroínas esquecidas do qual os brasileiros deveriam se orgulhar
Brasil – A história do Brasil é repleta de mulheres cujos feitos foram fundamentais, mas que, por diferentes razões, permanecem à margem dos registros oficiais. Enquanto algumas figuras femininas são amplamente celebradas, outras, como as destacadas aqui, deixaram legados em áreas como fé, monarquia, economia, ciência, educação e campos de batalha, sendo frequentemente apagadas ou pouco lembradas. Em 2025, resgatamos essas vozes que moldaram o país em silêncio.
Paraguaçu: A Mãe Fundadora de Salvador
Paraguaçu, indígena tupinambá filha do cacique Taparica, foi essencial na fundação de Salvador, a primeira capital do Brasil, ao lado do português Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Convertida ao catolicismo como Catarina, dedicou-se à construção de igrejas e à administração de conventos, legando todos os seus bens aos beneditinos ao morrer, em 1583. Seu papel como “mãe do Brasil” é um marco raramente reconhecido.
Ana Pimentel: A Pioneira dos Negócios no Brasil
Ana Pimentel Henriques Maldonado, esposa de Martim Afonso de Sousa, assumiu a gestão dos negócios da família no Brasil enquanto ele explorava a Índia. Iniciou o cultivo de cana-de-açúcar em Cubatão e a criação de gado na Capitania de São Vicente, hoje São Paulo, estabelecendo as bases econômicas de uma região-chave. Sua visão empresarial, porém, é quase invisível na história oficial.
Princesa Isabel: A Regente da Abolição
Filha de Dom Pedro II, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 1888, encerrando a escravidão durante uma de suas três regências. Devota cristã e monarquista, seu legado foi ofuscado após a proclamação da República, que destruiu os avanços humanitários do Império e o legado que ela defendia.
Maria Quitéria: A Soldada da Independência
Maria Quitéria de Jesus Medeiros, nascida em 1792 na Bahia, alistou-se disfarçada de homem no exército em 1822, lutando pela Independência. Como “Soldado Medeiros”, destacou-se contra tropas portuguesas e foi condecorada por Dom Pedro I. Sua bravura militar, no entanto, é pouco exaltada além de menções esparsas.
Maria Amanda Paranaguá Dória: A Educadora dos Libertados
Maria Amanda Paranaguá Dória, nascida em 1849 em Salvador, foi dama de companhia da Princesa Isabel e baronesa de Loreto pelo casamento com Franklin Dória. Além de abolicionista ativa, presente na assinatura da Lei Áurea e envolvida em campanhas para libertar escravizados, Amanda dedicou-se à alfabetização de negros libertos e crianças pobres. Conhecida como “mãe dos analfabetos”, integrou associações como a Promotora da Instrução e a Protetora da Infância Desvalida. Mesmo após o exílio da família imperial, permaneceu como guardiã da memória do império até sua morte, em 1931, no Rio de Janeiro, mas sua contribuição é raramente destacada.
Outras Vozes Esquecidas
Joana Angélica, freira baiana nascida em 1761, morreu em 1822 defendendo o Convento da Lapa, em Salvador, contra tropas portuguesas durante a Independência. Aos 60 anos, sua resistência a fez mártir, mas sua história é mais conhecida em círculos religiosos do que na memória coletiva.
Chica da Silva, ex-escrava do século XVIII em Minas Gerais, geriu os bens da família após ser alforriada por João Fernandes de Oliveira. Com 13 filhos, consolidou influência em Diamantina, mas sua astúcia é frequentemente reduzida a estereótipos.
Carlota Pereira de Queirós, nascida em 1892, formou-se médica em 1926 e foi a primeira deputada federal brasileira, eleita em 1934. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, organizou o atendimento a feridas, destacando-se em saúde e educação, áreas onde seu impacto é subestimado.
Um Chamado à Memória
Paraguaçu, Ana Pimentel, Princesa Isabel, Maria Quitéria, Maria Amanda Paranaguá Dória, Joana Angélica, Chica da Silva e Carlota Pereira de Queirós são apenas algumas das mulheres que ajudaram a construir o Brasil. Seja pela fé, como Joana e Isabel, pela monarquia, como a princesa e Maria Amanda, pela coragem militar, como Maria Quitéria, ou pela inovação em economia, educação e ciência, como Ana, Maria Amanda e Carlota, elas desafiaram seu tempo. Chica, com sua influência estratégica, completa esse grupo. Suas histórias, muitas vezes silenciadas por não se alinharem a narrativas dominantes, merecem ser revisitadas para que o Brasil reconheça, enfim, o peso de suas contribuições.