Moro determina novo sigilo a planilhas da Odebrecht
SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro colocou nesta quinta-feira em sigilo todos documentos da última fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Xepa”. Em menos de 24 horas, é o segundo procedimento envolvendo listas com nomes de políticos encontradas com funcionários da Odebrecht que o juiz limita o acesso.
Os motivos para a nova restrição imposta a documentos da Lava-Jato ainda não foram revelados por Moro. Na quarta-feira pela manhã, o juiz já havia colocado em sigilos planilhas anexadas pela Polícia Federal pela manhã ao inquérito da 23ª fase, batizada de “Acarajé”. Os dados revelam uma lista com mais de 200 políticos, entre eles pessoas com prerrogativa de foro.
Os novos sigilos por Moro nesta manhã são relativos ao sistema de contabilidade paralela da Odebrecht revelados pela ex-secretária da empresa Maria Lúcia Tavares. Na quarta-feira à noite, o GLOBO cruzou as planilhas das duas fases e revelou que o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pode ser um dos beneficiários finais do pagamento de propina relativos a obras da linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.
As planilhas encontradas com o presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior mostram que o nome de Cabral aparece na lista associado ao codinome “Próximus”. Ao lado do nome do ex-governador segue o número “500”.
Na terça-feira, durante a “Xepa”, a PF havia anexado outra planilha coloca hoje em sigilo. Nela, uma pessoa com o mesmo apelido era destinatária de pelo menos quatro parcelas no valor de R$ 500 mil, cada uma, em 2014. Em software da propina, ‘Próximus’ aparece como recebedor de pagamento .
O suposto repasse a Cabral foi feito através de uma emissária identificada como Olivia Vieira, que aparece como intermediária dos pagamentos para as obras do metrô do Rio. Olívia, segundo os investigadores, seria uma funcionária da Odebrecht que teria sido nomeada diretora da concessionária Rio Barra, justamente a que vai operar a linha 4 do Metrô do Rio.
Procurada, a assessoria do ex-governador informou que “todas as contribuições das campanhas eleitorais do ex-governador Sérgio Cabral foram de acordo com o que estabelece a lei”. Cabral não foi candidato em 2014, ano encontrado na planilha e, por tanto, não teve contas declaradas à Justiça.


