“Me conquistou e depois desapareceu”: vítimas de ‘Ghosting’ têm corações destruídos e ficam traumatizadas; veja vídeo
Brasil – O termo ghosting pode até parecer moderno, mas a sensação de perder alguém de forma abrupta — como se a pessoa simplesmente atravessasse para “o outro lado” — já assustava o público desde 1990. No clássico Ghost: Do Outro Lado da Vida, Molly (Demi Moore) vê seu grande amor, Sam (Patrick Swayze), desaparecer diante de seus olhos. No cinema, a causa é um assassinato. Na vida real, a morte é simbólica — mas o impacto emocional pode ser tão profundo quanto.
Hoje, o chamado ghosting virou prática corriqueira. É quando alguém some sem aviso, sem explicação, sem justificativa — como se deixasse de existir. E, como Molly grita no filme, muitas vítimas se veem clamando por respostas que nunca chegam. A sensação é de um afeto que escapou por entre os dedos, deixando apenas o vazio.
Um fenômeno cada vez mais comum — e mais doloroso
Segundo dados levantados pela consultoria Delta Psychology, 72% das pessoas já foram vítimas de ghosting ao menos uma vez. Não se trata apenas de uma frustração romântica. A ciência explica: o nosso cérebro registra o término súbito de um vínculo como dor física. O abandono inesperado ativa regiões semelhantes às afetadas por ferimentos reais.
Em outras palavras, quando alguém desaparece do nada, não é metáfora dizer que “dói”. Dói mesmo.
No filme, basta Sam desaparecer para que Molly trave. Ela abandona seu estúdio de cerâmica e passa dias imersa em tristeza. Não foi um roteiro exagerado: na vida real, o sumiço repentino de alguém querido gera uma queda brusca de energia emocional, levando o corpo a entrar em modo de economia — como quem tenta se recolher para sobreviver.
As raízes do ghosting: perdas antigas e amores que desapareceram antes
Na psicologia profunda, o ghosting se conecta a um conceito conhecido como objeto evanescente. Em ambos os lados — o de quem some e o de quem é deixado — costuma existir uma história antiga de perda repentina.
Pode ter sido uma mãe que morreu de forma inesperada. Um pai que desapareceu após um divórcio traumático. Um irmão que nunca chegou a nascer. Perdas assim deixam marcas silenciosas. E, anos depois, sem perceber, muitos repetem o mesmo ciclo: relações que acabam sem aviso, empregos perdidos abruptamente, vínculos interrompidos como se a vida estivesse sempre pronta para “sumir”.
Quando o papel se inverte: o “ghosteador”
E quem ghosteia? Muitas vezes, é alguém que, no passado, não teve tempo de se despedir de algo que amava. Incapaz de lidar com a própria perda, repete a dor no outro. É como se, ao desaparecer, tentasse controlar uma ausência que antes o devastou.
No cinema, Sam volta como espírito. Na vida real, o retorno quase nunca acontece — embora algumas pessoas vivam esperando por ele.
A atriz Mariana Xavier, por exemplo, já relatou que marcou um encontro, recebeu respostas animadas e, na véspera, o rapaz simplesmente deixou de responder. “Um absurdo!”, desabafou. Para quem passa por isso, não é só um date perdido — é um corte brusco em uma expectativa legítima de afeto.
Há casos ainda mais profundos, como o de Renato, paciente de uma clínica psicológica. Separado do irmão ao nascer, viveu desde cedo uma perda abrupta. Na vida adulta, seus relacionamentos sempre terminavam da mesma maneira: tudo ia bem até que, de repente, pluft, a pessoa sumia — repetindo a cicatriz primordial.
Ghosting traumatiza — e muito mais do que se imagina
O ghosting se tornou tão comum que muitos tentam tratá-lo como algo trivial. Mas não é. Ele produz medo, insegurança afetiva, ansiedade e, em alguns casos, episódios depressivos.
Da próxima vez que alguém pensar em desaparecer para evitar uma conversa difícil, vale refletir: o sumiço pode até parecer a saída mais fácil no momento, mas deixa marcas profundas do outro lado — e talvez até na própria consciência de quem some.
Porque, como canta a clássica cena de Ghost, aquilo que não é resolvido sempre volta. E, quando retorna, costuma aparecer como assombração emocional.
E aí, quando o passado bater à porta ao som de “woah, my love, my darling”, talvez seja tarde demais


