Líder do MST conclama oposição a Temer em caso de vitória
BRASÍLIA – Ao discursar para manifestantes contra o impeachment acampados em Brasília, João Pedro Stédile, um dos principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), conclamou uma forte oposição ao vice Michel Temer, caso ele assuma no lugar da presidente Dilma Rousseff. E disse que vai parar o país para pressionar o Senado caso o processo de impedimento passe na Câmara.
— Nós não vamos deixar o Temer dormir sossegado. Ele que avise à patroa que vai demorar tempos para voltar para casa e dormir tranquilo — afirmou Stédile, sob aplausos.
O líder do MST defendeu a realização de um dia de greve nacional antes da votação do impedimento de Dilma no Senado:
— Para mostrar para a burguesia que quem produz as riquezas desse país são os trabalhadores e, portanto, se eles não orientarem os paus mandados deles no Senado, nós vamos parar o país.
O economista afirmou que, caso o impeachment não passe, será fundado o “governo Lula 3”, centrado na figura do ex-presidente como coordenador. Ele não poupou críticas à gestão Dilma, que “fez tanto gol contra” que teve de ser escanteado.
— Parte dos problemas que estamos enfrentando agora foram plantados por erros do governo. Nós temos que dizer entre nós, não para os coxinhas. Temos que reconhecer nossas limitações. Foi errado botar o Levy — disse.
Stédile criticou os grupos empresariais, a classe política, o Judiciário e a imprensa. Segundo ele, o impeachment é um golpe para refundar o neoliberalismo no país e tirar direitos dos trabalhadores.
Ele reconheceu, porém, que apenas a militância organizada por movimentos e sindicatos foi para as ruas, e que é preciso levar o “povão” para os protestos contra o impeachment. Stédile destacou que a luta vai até 2018, seja qual for o resultado do impeachment:
— Bem-vindos à luta de classes, que ela só recomeçou. Bem-vindos a todos — finalizou, puxando gritos de “Não vai ter golpe”.
