Janaina Paschoal diz que depoimento de Dilma é inócuo
BRASÍLIA — A advogada Janaina Conceição Paschoal, que representa a acusação no processo de impeachment, afirmou que o depoimento enviado pela presidente Dilma Rousseff à comissão especial foi “inócuo” e que o ato foi transformado em um “palanque”.
— Foi um discurso, não foi uma defesa. Pegaram argumentos que o advogado já vinha pontuando e compilaram. Foi uma carta com tom de palanque. Acho que foi inócuo — disse Janaina.
Ela afirmou que faltaram elementos pessoais de explicação da presidente sobre os atos dos quais é acusada. Disse ainda que, politicamente, Dilma perdeu uma oportunidade de diálogo com a população.
O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), fez leitura semelhante.
— Foi uma peça de propaganda política. É mais do mesmo. Tudo já foi dito. Não tem nada de novo. A presidente se recusa a comparecer porque os crimes foram cometidos — disse o tucano.
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) afirma que o depoimento de Dilma visa os processos judiciais que a presidente poderá enfrentar pelos mesmos temas.
— A defesa já está preparando outro fórum, no Supremo Tribunal Federal, e nos processos civil e criminal, onde se precisa comprovar dolo e outras questões. Aqui basta se constatar que houve crime de responsabilidade. Aqui não se julga a pessoa, mas a autoridade — disse a senadora.
PARA ALIADOS, CARTA É HISTÓRICA
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o documento enviado por Dilma é importante do ponto de vista histórico.
— Foi uma carta boa, firme, que mostra altivez e disposição de denunciar o golpe. Ela fez a defesa dos pontos, reconheceu seus erros, mas disse corretamente que está sendo afastada por seus acertos. É uma carta histórica — disse o petista.
Uma das principais defensoras da presidente na comissão, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), também fez elogios à manifestação.
— Ela foi dura, mas não foi arrogante. E, do ponto de vista técnico, mostra que não tem crime de responsabilidade. Nosso primeiro objetivo é reverter votos aqui, mas como o processo tem sido mais político que técnico, é importante caracterizar que não está acontecendo um processo dentro da legalidade e, portanto, é um golpe — afirmou Vanessa.