Governo Federal nega que o cultivo de tilápia será proibido no Brasil após liberar importação do Vietnã
Brasil – O Governo Federal negou categoricamente que o cultivo de tilápia será proibido no Brasil, após rumores se espalharem nas redes sociais em meio à polêmica gerada pela liberação da importação de tilápia vietnamita. A informação falsa ganhou força nos últimos dias, mas já foi desmentida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo o MMA, não existe qualquer proposta, estudo ou discussão que trate do banimento da tilápia no país. O Ibama reforça que o peixe continua sendo uma espécie permitida, amplamente consolidada e de grande importância econômica para a aquicultura brasileira.
Avaliação técnica não tem relação com proibição
Atualmente, a Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO) analisa a atualização da Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras. No entanto, o governo esclarece que a inclusão de uma espécie nessa lista não significa proibição de cultivo, mas sim um alerta técnico para orientar políticas públicas e estratégias de prevenção ambiental.
O processo é conduzido de forma colegiada, com a participação de diversos ministérios, instituições de pesquisa, universidades, setor produtivo e representantes da sociedade civil.
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) solicitou prazo adicional para aprofundar a análise das espécies — incluindo a tilápia — e garantiu que qualquer decisão será baseada em evidências científicas atualizadas e diálogo com o setor.
Tensão cresce após importação de tilápia do Vietnã
Apesar do esclarecimento oficial, o clima entre piscicultores segue tenso desde a revogação da proibição da importação de tilápia cultivada no Vietnã. A medida, formalizada em abril pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi classificada como imprudente pela Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).
Segundo a entidade, a importação pode gerar risco sanitário e prejudicar a competitividade do produtor nacional, já que o peixe vietnamita chega ao Brasil com custos de produção mais baixos.
“A revogação desconsidera alertas técnicos e ocorre em meio a tratativas comerciais entre os governos do Brasil e do Vietnã”, declarou a PeixeBR.
Primeiras cargas já estão a caminho
No início de novembro, a imprensa vietnamita confirmou o embarque do primeiro contêiner com 24 toneladas de tilápia, enviado de Ho Chi Minh ao porto de Santos (SP). A carga faz parte de um lote contratado pela JBS, totalizando 700 toneladas, distribuídas em 32 contêineres.
A chegada está prevista para 17 de dezembro de 2025.
Governo monitora efeitos econômicos
O Ministério da Pesca afirma estar acompanhando os possíveis impactos socioeconômicos da importação, ainda que a responsabilidade direta pelo tema seja do Mapa.
“Estamos avaliando e monitorando os possíveis impactos em curto e longo prazo”, informou a pasta.
Setor teme perda de competitividade
Mesmo com a garantia de que o cultivo da tilápia seguirá permitido, produtores afirmam que a decisão pode desestimular a produção nacional.
“Enquanto o Vietnã expande seus mercados, o Brasil parece remar contra a corrente das próprias políticas de incentivo à piscicultura”, criticou um representante da PeixeBR.
Brasil segue como potência na produção de tilápia
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápia do mundo. Segundo o Anuário PeixeBR 2025, o país produziu 662,2 mil toneladas de tilápia em 2024 — crescimento de 14,3% em relação a 2023. A espécie representa 68% da produção total de peixes cultivados no país.
A cadeia produtiva da piscicultura brasileira movimenta cerca de 3 milhões de empregos diretos e indiretos, abrangendo desde fábricas de ração até a logística de distribuição.


