Fertilidade em colapso: taxa de fecundidade de brasileiras é de apenas 1,6 filho por mulher, revela IBGE
Brasil – O País vive uma mudança profunda em seu perfil demográfico. Segundo o Censo 2022, divulgado pelo IBGE, a taxa de fecundidade no país caiu para 1,6 filho por mulher, confirmando uma tendência de queda iniciada nas últimas décadas. Em 1960, a média era de 6,3 filhos por mulher — ou seja, houve uma redução de 4,7 pontos percentuais em pouco mais de 60 anos.
Em relação ao último censo, realizado em 2010, a taxa também diminuiu: era de 1,9 filho por mulher. O dado de 2022 é o menor já registrado na história do país e ficou abaixo do nível de reposição populacional, estimado em 2,1 filhos por mulher.
Mulheres têm filhos mais tarde
O levantamento mostra que, em média, as mulheres brasileiras tiveram filhos aos 28,1 anos em 2022. Na região Norte, essa média foi mais baixa, 27 anos, enquanto Sul e Sudeste registraram as idades mais altas: 28,7 anos. O Distrito Federal teve a maior idade média de fecundidade (29,3 anos) e o Pará, a menor (26,8).
Diferenças por raça, escolaridade e religião
A taxa de fecundidade também varia conforme raça, escolaridade e religião.
Mulheres pardas apresentaram a maior taxa (1,68 filho), seguidas pelas pretas (1,59) e brancas (1,35).
Mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto tiveram, em média, 2,01 filhos, enquanto aquelas com ensino superior completo registraram apenas 1,19 filho por mulher.
A idade média de fecundidade também sobe com o nível de escolaridade: 26,7 anos para as com baixa escolaridade e 30,7 anos para as com nível superior.
No recorte religioso, mulheres evangélicas foram o único grupo com taxa acima da média nacional (1,74). As espíritas tiveram a menor taxa (1,01), seguidas por adeptas da Umbanda e Candomblé (1,25), sem religião (1,47) e católicas (1,49).
O que os dados indicam
Com a queda acelerada da fecundidade, o Brasil caminha para uma população cada vez mais envelhecida e, futuramente, em declínio. O dado reforça os desafios que o país enfrentará nas próximas décadas em áreas como previdência, saúde pública, economia e políticas para a terceira idade.
Risco e colapso da economia
A queda drástica na taxa de fecundidade no Brasil, que atingiu 1,6 filho por mulher em 2022, coloca o país diante de um desafio demográfico inédito e de proporções alarmantes. Com menos nascimentos, a população economicamente ativa tende a encolher, comprometendo o ritmo de crescimento da economia. O Brasil, que há poucas décadas era um país jovem e em expansão, caminha rapidamente para o envelhecimento populacional acelerado. Essa mudança pressiona a produtividade nacional, reduz a oferta de mão de obra e afeta diretamente setores como consumo, habitação, educação e emprego, com impactos profundos sobre o dinamismo do mercado interno.
Um dos reflexos mais imediatos e preocupantes dessa transição demográfica é a crise previdenciária que se agrava silenciosamente. O sistema previdenciário brasileiro foi concebido com base em uma pirâmide populacional ampla na base — com muitos jovens sustentando poucos idosos. Com a inversão dessa pirâmide, o número de contribuintes diminui enquanto o de beneficiários aumenta, criando um desequilíbrio estrutural insustentável. Sem reformas profundas e planejamento de longo prazo, o Estado poderá não ter recursos suficientes para pagar aposentadorias futuras, forçando aumentos de impostos, cortes em benefícios ou mudanças ainda mais duras nas regras de aposentadoria.
Além disso, o envelhecimento da população pressiona o sistema de saúde pública e aumenta os gastos sociais com medicamentos, tratamentos de longo prazo e assistência à terceira idade. Com menos pessoas contribuindo e mais pessoas dependendo do Estado, o país corre o risco de entrar em um ciclo vicioso de baixo crescimento, aumento da carga tributária e crise fiscal permanente. Ou seja, a queda na fecundidade, se não for acompanhada de políticas públicas inteligentes e planejamento estratégico, não é apenas um dado estatístico — é um prenúncio de instabilidade econômica e social nas próximas décadas.