Ex-secretário da Sefaz-MT converteu propina em 10 kg em barras de ouro, diz juíza

Segundo consta na decisão da juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá – que culminou em novos mandados de prisão preventiva contra Marcel de Cursi, Silval Barbosa, além de outras quatro pessoas –, o ex-secretário de Fazenda recebeu R$ 750 mil devido a transação financeira investigada nesta fase da operação.
Conforme Nadaf, durante uma reunião para estabelecer a divisão da propina entre os membros da organização, coube a ele efetuar o pagamento da parte que cabia a Marcel de Cursi. Na decisão, a juíza cita ainda que, interrogado na condição de colaborador, o empresário Filinto Muller, que teria sido o responsável pela lavagem do montante do dinheiro desviado, afirmou que repassou a parte de Cursi.
Ao valor de R$ 750 mil, Cursi teria acrescentado a importância de R$ 250 mil, totalizando a soma de R$ 1 milhão, valor que teria sido entregue ao ex-presidente da Metamat, para que providenciasse a compra de ouro. “A quantia possibilitou a compra de 10 kg em barras de ouro. As barras de ouro foram pessoalmente entregues por Pedro Nadaf a Marcel ao final do ano de 2014”, diz trecho da decisão.
Desvio
A investigação da Defaz aponta que o pagamento da desapropriação de um imóvel conhecido por Jardim Liberdade – localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, em Cuiabá –, no valor total de R$ 31.715 milhões a uma imobiliária, teve propósito específico de desviar dinheiro público em benefício da organização criminosa liderada por Silval Barbosa.
De todo o valor pago pelo governo na desapropriação, o correspondente a 50%, ou seja, R$ 15.857 milhões teriam retornado para a organização criminosa por meio de uma empresa de assessoria e organização de eventos, que teria sido criada por Filinto Müller para lavar o dinheiro desviado.

prisão (Foto: Luiz Gonzaga Neto/TVCA)
De acordo com a investigação, a maior parte do dinheiro desviado no montante de R$ 10 milhões foi repassada ao ex-governador Silval Barbosa, que usou o montante para saldar parte de uma dívida que possuía com Valdir Piran. O restante do valor foi dividido entre os outros cinco participantes do esquema.
Durante a operação, cinco empresários também foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento, além do cumprimento de buscas e apreensão em residências e empresas dos investigados. Dois mandados de prisão foram cumpridos em Brasília, com apoio da Polinter do Distrito Federal. Um terceiro mandado de prisão foi cumprido no Rio de Janeiro.
A operação teve como base algumas colaborações premiadas, confissões, análise de documentos e afastamentos de sigilos bancários e fiscal de todos os envolvidos.


